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Protesto critica prêmio a Uribe e Aznar por combate ao terrorismo

Organizações não governamentais (ONG) da Espanha repudiaram nesta quarta-feira (27) a entrega de prêmio, em Madri, ao ex-presidente colombiano Álvaro Uribe por "combate ao terrorismo". As organizações acusam Uribe por crimes de lesa humanidade perpetrados em seu país.

Membros de um grupo de ONG se congregaram nesta quarta-feira nos arredores do Casino de Madri, em rejeição à concessão de um prêmio ao ex-dirigente (2002-2010) pela Fundação Universitária San Pablo CEU, vinculada à Igreja católica.

O prêmio, por seu "papel na luta contra o terrorismo", que também será conferido ao ex chefe do Governo espanhol José María Aznar, do conservador Partido Popular, recebeu manifestações de opusição de mais de 100 organizações de todo mundo.

Durante a concentração foi lido um manifesto no qual se solicita ao Executivo do país declarar a Uribe persona non grata, por considerar provados seus vínculos com quadrilhas paramilitares e narcotraficantes.

Guerra suja contra movimentos

Ao longo de sua carreira, Uribe tem sido o responsável político de campanhas de guerra suja contra movimentos sociais, assassinatos, detenções, desaparecimentos, genocídio, massacres, deslocação forçada e torturas, diz o texto.

A declaração, assinada entre outros pelo prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, denuncia os crimes contra a humanidade de Uribe e a cumplicidade da administração de Aznar com o governante colombiano nos oito anos de mandato conservador.

Os participantes do protesto pacífico gritaram consignas como "Uribe assassino" e "Uribe e Aznar, à Corte Internacional", bem como outras em defesa dos indígenas e os direitos humanos.

Exibiram, ainda, cartazes nos quais se podia ler: "Colômbia, democracia genocida, não ao paramilitarismo" e "Álvaro Uribe, à Corte Penal Internacional por crimes de lesa humanidade".

Alguns dos participantes levavam em seus rostos máscaras brancas, tinham suas mãos tingidas de vermelho e portavam fotografias de pessoas desaparecidas na nação sul-americana durante o governo de Uribe.

Mortos e desaparecidos

Francisco Pérez, da ONG Justiça por Colômbia, lamentou a entrega de um prêmio a Uribe quando organizações como Anistia Internacional e Human Rights Watch estimam 15 mil mortos e desaparecidos na Colômbia entre 2002 e 2010. O ativista recordou, também, que há 70 deputados e senadores do partido do ex-presidente processados por vínculos com o paramilitarismo.

Pérez assinalou que Aznar também não merece esse distintivo, por ter apoiado, na contramão da opinião do povo espanhol, a guerra no Iraque, a qual, enfatizou, provocou muitas vítimas inocentes e representou uma violação do direito internacional.

As mesmas ONGs apresentaram na quarta-feira uma queixa contra o ex-presidente colombiano por ter ordenado espionar a vários de seus membros nesse país.

Segundo a demanda judicial, ao menos 20 representantes dessas organizações foram vigiados em território espanhol por agentes do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) de Colômbia, subordinado à Presidência da República.

Fonte: Prensa Latina
Tradução: Luana Bonone