Protesto critica prêmio a Uribe e Aznar por combate ao terrorismo
Organizações não governamentais (ONG) da Espanha repudiaram nesta quarta-feira (27) a entrega de prêmio, em Madri, ao ex-presidente colombiano Álvaro Uribe por "combate ao terrorismo". As organizações acusam Uribe por crimes de lesa humanidade perpetrados em seu país.
Publicado 28/10/2010 14:30
Membros de um grupo de ONG se congregaram nesta quarta-feira nos arredores do Casino de Madri, em rejeição à concessão de um prêmio ao ex-dirigente (2002-2010) pela Fundação Universitária San Pablo CEU, vinculada à Igreja católica.
O prêmio, por seu "papel na luta contra o terrorismo", que também será conferido ao ex chefe do Governo espanhol José María Aznar, do conservador Partido Popular, recebeu manifestações de opusição de mais de 100 organizações de todo mundo.
Durante a concentração foi lido um manifesto no qual se solicita ao Executivo do país declarar a Uribe persona non grata, por considerar provados seus vínculos com quadrilhas paramilitares e narcotraficantes.
Guerra suja contra movimentos
Ao longo de sua carreira, Uribe tem sido o responsável político de campanhas de guerra suja contra movimentos sociais, assassinatos, detenções, desaparecimentos, genocídio, massacres, deslocação forçada e torturas, diz o texto.
A declaração, assinada entre outros pelo prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, denuncia os crimes contra a humanidade de Uribe e a cumplicidade da administração de Aznar com o governante colombiano nos oito anos de mandato conservador.
Os participantes do protesto pacífico gritaram consignas como "Uribe assassino" e "Uribe e Aznar, à Corte Internacional", bem como outras em defesa dos indígenas e os direitos humanos.
Exibiram, ainda, cartazes nos quais se podia ler: "Colômbia, democracia genocida, não ao paramilitarismo" e "Álvaro Uribe, à Corte Penal Internacional por crimes de lesa humanidade".
Alguns dos participantes levavam em seus rostos máscaras brancas, tinham suas mãos tingidas de vermelho e portavam fotografias de pessoas desaparecidas na nação sul-americana durante o governo de Uribe.
Mortos e desaparecidos
Francisco Pérez, da ONG Justiça por Colômbia, lamentou a entrega de um prêmio a Uribe quando organizações como Anistia Internacional e Human Rights Watch estimam 15 mil mortos e desaparecidos na Colômbia entre 2002 e 2010. O ativista recordou, também, que há 70 deputados e senadores do partido do ex-presidente processados por vínculos com o paramilitarismo.
Pérez assinalou que Aznar também não merece esse distintivo, por ter apoiado, na contramão da opinião do povo espanhol, a guerra no Iraque, a qual, enfatizou, provocou muitas vítimas inocentes e representou uma violação do direito internacional.
As mesmas ONGs apresentaram na quarta-feira uma queixa contra o ex-presidente colombiano por ter ordenado espionar a vários de seus membros nesse país.
Segundo a demanda judicial, ao menos 20 representantes dessas organizações foram vigiados em território espanhol por agentes do Departamento Administrativo de Segurança (DAS) de Colômbia, subordinado à Presidência da República.
Fonte: Prensa Latina
Tradução: Luana Bonone