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Moody´s aponta enfraquecimento da recuperação econômica global

A recuperação global está perdendo força e existe uma ameaça de recaída. O prognóstico desanimador foi traçado segunda-feira (1) pela Moody's Analytics – braço de análises da agência de classificação de risco -, que também apontou que o ciclo de ajuste da economia mundial está "incompleto".

Segundo o relatório assinado por Alfredo Coutiño, diretor para América Latina da subsidiária, a economia americana ainda não concluiu um tradicional período de correção de desequilíbrios econômicos após crises, razão pela qual a recuperação mundial ainda carrega uma pesada carga.

Recaída inusitada

"É um tanto surpreendente que a economia mundial está se debilitando um ano após sair da recessão, refletindo com isso uma anemia que pode levá-la a uma recaída inusitada", diz o estudo.

O analista diz que, sem dúvida, os Estados Unidos sairam da recessão, mas que isso se deve mais aos estímulos do governo do que ao fortalecimento de seus fundamentos econômicos.

Como forma de corrigir desequilíbrios econômicos no país, o relatório aponta a necessidade de uma cooperação global destinada a permitir uma depreciação mais significativa do dólar.

Ajuste nos EUA

De acordo com o estudo, a receita de promover o ajuste econômico pela desvalorização cambial foi implementada com sucesso em países da América Latina e da Ásia durante os anos de 1980 e 1990, permitindo que essas regiões ressurgissem como economias mais fortalecidas.

Para o analista, a adoção dessa receita na última crise financeira teria um custo muito maior em destruição de riqueza, mas permitiria aos Estados Unidos corrigir seus desequilíbrios fiscal e externo.

"Como toda medida dolorosa, a receita, no começo, gera uma depressão significativa da demanda interna, mas permite à economia se livrar de qualquer excesso acumulado no passado", diz.

Assim, Coutiño assinala que, para dar competitividade à divisa americana, os bancos centrais do mundo devem parar de fortalecer suas reservas de dólares.

Segundo ele, os países com superávit em transações correntes teriam que recorrer mais ao crescimento baseado na demanda doméstica, enquanto as nações com déficit deveriam recorrer mais à demanda externa.

Tal movimento exige um acordo global coordenado, que também poderia ser aplicado a outras divisas de economias desenvolvidas com fortes desequilíbrios externos.

O estudo também diz que as autoridades americanas terão que "necessariamente" restringir a política fiscal e deixar o dólar perder valor. No entanto, o analista defende a adoção de um programa de sustentabilidade fiscal de longo prazo, sem que os estímulos implementados nesse campo tenham uma reversão brusca.

Fonte: Eduardo Laguna, do Valor