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Produção industrial cai 0,2% em setembro e IBGE vê estabilidade

Paradas programadas e importações foram as principais causas da queda de 0,2% da produção industrial em setembro, na comparação com agosto. Entre as influências para o recuo de setembro, destaque para a baixa de 4% de outros produtos químicos, grupo que engloba itens como adubos e fertilizantes, inseticidas e resinas plásticas.

André Macedo, gerente da coordenação de indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), frisou que paradas programadas em refinarias contribuíram para o recuo de outros produtos químicos e ainda tiveram impacto na queda de 1,5% no refino de petróleo e álcool.

Importações

Além desses dois grupos, também houve quedas importantes em materiais elétricos e de comunicações, com baixa de 11% na comparação de setembro com agosto; em metalurgia básica, com recuo de 2%; em alimentos, com queda de 1,5%; e em veículos automotores, cuja produção caiu 0,9% em setembro.

"Os principais impactos negativos batem em bens intermediários", ressaltou Macedo, lembrando que as importações e os estoques acima da média histórica contribuíram em setembro para o recuo da produção da metalurgia básica, o que acabou se configurando no segundo mês seguido de queda. "As importações afetam principalmente os intermediários, mas não há como colocar toda a queda da indústria na conta dos importados", acrescentou.

Fim das insenções

Mas o recuo em setembro não aponta, segundo Macedo, para uma trajetória de queda da produção industrial. Para o técnico do IBGE, os recuos de 0,5% da produção de bens intermediários entre agosto e setembro e as quedas de 2,6% dos bens de capital e de 1,3% de bens duráveis em setembro não são suficientes para indicar uma tendência de queda na produção geral.

Em relação aos bens de capital, Macedo afirmou que o grupo foi influenciado pelo comportamento de máquinas e equipamentos e pela produção de bens para telefonia, influenciados pela redução das exportações de celulares. Já os bens duráveis sentem os efeitos do fim das isenções tributárias.

Acomodação

Questionado sobre o comportamento trimestral, que mostrou uma queda de 0,5% na produção em relação ao segundo trimestre, Macedo frisou que o recuo aconteceu depois de cinco trimestres seguidos de alta e ponderou que, depois de um primeiro trimestre aquecido, quando a produção subiu 2,9%, a indústria brasileira entrou em ritmo de acomodação, desacelerando para 1,2% no segundo trimestre.

"A leitura do resultado é de estabilidade. Houve perdas em setores importantes, fruto de paralisações, o que exerceu as maiores pressões", disse Macedo. "Houve queda de 0,5%, mas pode relativizar em função de cinco trimestres de expansão. Houve produção intensa no primeiro trimestre e depois um ritmo bem menor, mas no começo do ano a produção ainda estava influenciada pelas isenções tributárias", explicou.

O técnico do IBGE lembrou que a comparação com períodos mais longos ainda apresentam dados positivos. Além da alta de 6,3% na comparação com setembro do ano passado, a produção industrial cresceu 11,2% nos últimos 12 meses comparado com os 12 meses imediatamente anteriores, recorde para qualquer período de 12 meses. No acumulado entre janeiro e setembro, comparado com igual período do ano passado, a alta chega a 13,1%, também recorde para os nove primeiros meses do ano, na série iniciada em 1991.

Fonte: Rafael Rosas, do Valor