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O pai da política de direita em Portugal

«Nunca tive dúvidas de que o Orçamento de Estado passaria», confessou Mário Soares.
E explicou porquê: porque se trata de uma «imposição do Banco Central Europeu e da própria Comissão Europeia» – e ordens são para cumprir…

Por José Casanova*

Soares pensa, também, que a ida «dos dois líderes a Bruxelas», para o necessário puxão de orelhas, foi decisiva para pôr as coisas nos eixos.

Soares pensa, ainda, que sem o Orçamento de Estado aprovado estaríamos perante «um desastre nacional»

É certo que, o próprio Soares o diz, o Orçamento é «muito duro para os portugueses, em especial os de menores rendimentos»; e que «algumas das suas medidas cortam o coração»; e que isto vai ser uma desgraça ainda maior do que a já existente, mas… sem Orçamento de Estado aprovado, estaríamos perante «um desastre nacional»… e isso é coisa que Soares não quer nem admite.

Reconheça-se, aliás, que desastre nacional é matéria em que Soares é perito…
Vale a pena lembrar – quanto mais não seja para que não caia no esquecimento – que Soares é um dos grandes responsáveis pelo desastre nacional a que a política de direita conduziu o País.

Foi ele que a iniciou em 1976, dando os primeiros passos da ofensiva contra-revolucionária que, de então para cá, todos os governos prosseguiram, com raivosos ataques às conquistas da Revolução de Abril; chamando para aqui o FMI (e correndo de cá com o Movimento das Forças Armadas- MFA…), e enfiando a cabeça no cepo da União Europeia; roubando aos trabalhadores e ao povo direitos fundamentais alcançados pela luta e consagrados nas leis de Abril; recorrendo à repressão brutal sobre as massas trabalhadoras; tirando o poder ao povo e colocando-o nas garras dos grandes grupos econômicos e financeiros (quer dos que haviam sido sustentáculo do fascismo quer dos que a política de recuperação capitalista viria a criar); fazendo a vida num inferno aos trabalhadores e ofereçendo o paraíso ao grande capital; rasgando e espezinhando a Lei Fundamental do País e entregando a soberania e a independência nacional ao imperialismo norte-americano e à sua sucursal que dá pelo nome de União Europeia.

Ora este Orçamento de Estado 2011 é bem o espelho dessa política de desastre nacional de que Soares é o pai.

*Diretor do jornal “Avante!”