Polêmica no twitter contra nordestinos leva a processo judicial

A polêmica teve início ainda no dia 31, quando foi anunciada a vitória de Dilma. Com frases do tipo “Dêem direito de voto pros nordestinos e afundem o país de quem trabalhava pra sustentar os vagabundos que fazem filho para ganhar a bolsa 171”, ventilou-se uma idéia, errada, de que foi a região Nordeste, onde Dilma venceu unanimemente, que assegurou a sua eleição. No entanto, um olhar mais apurado sobre o percentual de votos para a candidata petista evidencia que a sua vitória independeu da região.

Dados do Tribunal Superior Eleitoral – TSE revelam que Dilma ganharia mesmo que fossem computados apenas os votos do Sudeste, do Sul e do Centro-Oeste, onde, somados os votos, obteve vantagem de 33,2 milhões contra 32,9 milhões de José Serra (PSDB). Em outras palavras: se todos os eleitores das regiões Nordeste – onde, de fato, a vitória foi expressiva, com 18,4 milhões de votos frente os 7,7 mi do tucano – e Norte fossem excluídos do processo eletivo, ainda assim Dilma seria a escolhida para governar o Brasil pelos próximos quatro anos.

Dilma venceu no segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais, na capital federal – Brasília – e no Rio de Janeiro. “Então, não é verdade que o Nordeste destoou do restante do Brasil”, pontuou o presidente estadual do PCdoB, Daniel Almeida. Para ele, esse episódio, além de demonstrar o preconceito de setores da elite brasileira em relação ao povo, converte-se em crime e, portanto, passível de punição. “Esse posicionamento reflete um discurso reacionário, beirando o fascismo, numa tentativa desesperada de setores derrotados da elite política nacional que, não tendo o que discutir do ponto de vista programático, se manifestou dessa forma. É importante identificar a origem desse tipo de manifestação, quais os objetivos e, juridicamente, ver as medidas cabíveis para responsabilizar os que estão cometendo esse tipo de crime”, afirmou.

De acordo com o presidente da OAB-PE, Henrique Mariano, Mayara Petruso deverá responder pelos crimes de racismo (inafiançável e com penas que variam de 2 a 5 anos) e incitação pública de ato delituoso – no caso, homicídio (de três a seis meses de detenção). Caso a estudante faça estágio na área de Direito e tenha registro na OAB-SP, será solicitada a cassação da sua licença.

“Acho que o mais importante é que, os que tentaram se utilizar desses instrumentos e mecanismos, foram derrotados. Receberam a justa resposta de um povo, que demonstra que não se deixará levar por esse tipo de discurso reacionário. A democracia brasileira é mais forte do que qualquer manifestação desse tipo”, ressaltou Daniel Almeida.

De Salvador,
Camila Jasmin