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José Ruy: As “mentes brilhantes” da direita e a vitória de Dilma

Um comentarista da Veja ofende a inteligência ao tentar reduzir a vitória de Dilma à mera diferença quantitativa dos votos entre os dois candidatos

Por José Carlos Ruy

A direita tem algumas “mentes brilhantes”, capazes mesmo de inusitadas maquinações matemáticas. A última delas foi perpetrada pelo notório Reinaldo Azevedo no blog que mantém na Veja Online: ele espremeu os números e conclui que Dilma Rousseff foi eleita com apenas 4,43% do eleitorado.

É uma tentativa inovadora de deslegitimação da nova presidente, mais radical do que as alegações udenistas contra Getúlio Vargas, em 1950, e Juscelino Kubitschek, em 1955, cujas eleições não seriam válidas pois não alcançaram a maioria absoluta (metade mais um) dos votos.

O desplante do comentarista merece ser examinado por matemáticos e cientistas políticos: segundo Azevedo, do alto de sua “erudição”, fez lá suas contas. Dilma teve 55.752.529 de votos, contra os 43.711.388 de José Serra – uma diferença de 12.041.141. Se metade (6.020.571) destes eleitores tivesse decidido votar em Serra, o candidato da direita é que teria sido eleito.

Portanto, foram estes, que representam 4,43% do total do eleitorado, que deram a vitória a Dilma.

Dá para levar a sério? A insânia antidemocrática reduz um processo eleitoral a números e se satisfaz com essa massagem no próprio ego ferido depois da derrota no dia 31 de outubro. O resultado de uma eleição não se reduz apenas a quantidades estrito senso – compara opções por programas, formas de governar e candidatos. É um processo social e político profundo, faceta institucional da luta de classes, termômetro – como dizia Lênin – da consciência social do povo e dos trabalhadores. Reduzir isso à mera diferença quantitativa entre os volumes de votos recebidos por cada candidato é um insulto aos eleitores, à eleita e à inteligência democrática.