Ivina Carla – Comunicação: discussão necessária para o país

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Tenho acompanhando o “clamor” de alguns setores da imprensa com relação ao Projeto de Indicação que sugere ao Governador Cid Gomes a criação do Conselho de Comunicação Social no Ceará. Como estudante de comunicação e defensora da liberdade de expressão, preocupa-me o falso alarde provocado por setores midiáticos, que sempre detiveram o poder sobre a informação, de se recusarem a discutir esse bem público e inerente à condição humana.

Colocamos no centro do debate a Carta Magna de 1988, em especial, o Capítulo V, que aponta a criação do Conselho Nacional, trata sobre outorgas e concessões, princípios de complementariedade entre público, privado e estatal. Essas são pautas mínimas que os movimentos sociais que participaram ativamente da I Conferência Nacional de Comunicação reivindicaram ao longo do processo.

Infelizmente, estão pautando a liberdade falseando a triste realidade da comunicação no Brasil. A televisão nunca se discutiu, nunca se abriu para o povo para receber sugestões, críticas. E por que não rever as concessões? Por que esconder do usuário que elas são públicas e que podemos modificar o formato de se adquirir o aval para construir um veículo? Não vou usar o jargão da “liberdade de empresa”, até mesmo porque eu acredito que o que está em questão é mais do que negócio: é ideológico.

Não se pode afirmar que a construção de uma comunicação é feita pela sociedade, quando são apenas algumas pessoas que constroem a pauta diária do que será veiculado ou baseado em privilégios. Exemplo disso foram os dez minutos que a apresentadora Ana Maria Braga recebeu ao fim do seu programa como direito de resposta aos ataques sofridos por uma Revista Nacional, enquanto o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST são expurgados e molestados pelo telejornal sempre que aparecem e sem direito a defesa.

A comunicação deve ser de fato um direito de todos, mas para isso é preciso abrir as portas para tal discussão. A sociedade quer discutir a mídia, quer participar. Só podemos desenhar um novo tipo de Brasil, que respeite a diversidade, dizendo não a qualquer tipo de preconceito e exclusão social, quando avançarmos nesse setor, que é do povo e deve ser construído por ele.

Ivina Carla é estudante de Jornalismo da Faculdades Cearenses e integra a Comissão Estadual de Comunicação do PCdoB/CE

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