Sem categoria

Após eleições, PCdoB traça plano de organização partidária

Passadas as eleições, é hora de analisar desempenhos e apontar perspectivas. Nesse sentido, a Comissão Nacional de Organização do PCdoB iniciou, nesta quinta (11), reunião plenária ampliada para reelaborar os planos do partido, à luz dos resultados das urnas. Em sua intervenção, o secretário de Organização, Walter Sorrentino, defendeu que a sigla persista na política de abertura e propôs buscar a ousada meta de 500 mil filiados até o próximo Congresso, em 2013.

Segundo ele, para isso, é preciso começar, desde já, a preparar a legenda para as eleições municipais e seguir na luta para implementar a nova política de organização. “O PCdoB ainda é um partido pequeno, precisa se abrir, mas sem perder o rumo. Temos que construir o partido, visando às eleições de 2012, mas sem se perder. Não basta crescer. Tem que garantir o papel estratégico do partido e uma participação militante mais intensa”, disse Sorrentino.

A meta de filiação proposta pelo secretário significa quase dobrar o número de membros do partido, que hoje conta com 260 mil filiados. De acordo com ele, contudo, o PCdoB tem todas as condições de atingí-la. “É possível, nós temos uma arcabouço para isso hoje. O rumo é assegurar uma vida militante mais organizada, desde a base; o caminho é fortalecer direções intermediárias nas grandes cidades”, afirmou.

Diante dos membros da Comissão Nacional de Organização e dos Secretários de Organização de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará, Pernambuco, Bahia, Maranhão, Goiás e Amazonas, Walter fez um breve balanço do resultado eleitoral de forma geral, e, especialmente, do desempenho do PCdoB.

Vitória de Dilma

Retransmitindo temas tratados na reunião da Comissão Política, Walter falou sobre a importância da vitória de Dilma Rousseff, com mais de 12 milhões de votos de diferença para José Serra. Citou que as forças aliadas do governo conseguiram mais 60% das cadeiras do congresso e elegeram 16 governadores. “Venceu Dilma, venceu Lula, venceu o PCdoB, o povo brasileiro, venceram as mulheres e a América Latina”, disse.

Destacou ainda que as condições dessa vitória, contudo são distintas daquela que levaram ao governo de Lula. “Não há o legado de FHC, mas há um projeto a ser aprofundado e é preciso enfrentar uma nova realidade no país e no mundo”, disse, enumerando a crise econômica, a guerra cambial e a nova geopolítica.

“Essa nova realidade nos leva a alguns dilemas, especialmente em relação à política macroeconômica. O discurso de Dilma é de seguir desenvolvendo o mercado interno, retomar os investimentos, desonerar esses investimentos, fazendo um link com o sistema financeiro privado. Para isso, tem que haver acordo, é uma luta”, advertiu.

Sorrentino lembrou ainda que a futura presidente também se comprometeu com a realização das reformas tributária e política e com dar prioridade à saúde, à educação, à segurança e à reforma urbana. “O PCdoB defende que o novo governo deve buscar ampla governabilidade, mas com um núcleo programático, um centro de governo, de esquerda”, disse. E completou: “A vitória de Dilma é a vitória do nosso projeto tático”.

Desempenho do PCdoB e o fator partido

A avaliação do secretário nacional de Organização do PCdoB é a de que o partido teve um resultado positivo nessa eleição. Segundo ele, a legenda “progride sua força de forma contínua, mas não acelerada”. A votação a sigla foi ampliada em 15% e ela foi a 4ª mais votada para o Senado. Sem falar na projeção de lideranças, como é o caso de Flávio Dino, no Maranhão, e Netinho de Paula, em São Paulo.

Sorrentino avalia: “O resultado do PCdoB reflete o ônus e o bônus da transição da nossa tática eleitoral. Se tivéssemos lançado Netinho, Vanessa Grazziottini, Flávio Dino e Orlando Silva para a Câmara, possivelmente, teríamos um resultado diferente. Mas não teríamos projetado essas lideranças, a Vanessa não estaria no Senado e o Orlando não estaria à frente das definições para a Copa. Foi uma opção tática”, disse.

Outro fator que ele aponta é a própria natureza do PCdoB. “Um partido como o PCdoB, com esse programa e esse grau de radicalidade, não podia esperar um crescimento fácil”. Segundo ele, a estrutura partidária foi fundamental para os êxitos alcançados. “O PCdoB politizou as campanhas, falou amplamente para a sociedade, oxigenou as disputas e sustentou a candidatura de Dilma”, resumiu, apontando ainda uma interiorização da influência da legenda, que teve votos em cerca de 5 mil municípios.

De acordo com ele, o partido teve 688 candidatos na disputa de outubro o que, avaliou, expressa o acerto em  a sigla comunista se abrir para novos adeptos. “Muitos desses candidatos e muitos dos eleitos são novos no partido”, informou.

Walter analisou que as metas da organização partidária nas eleições foram, majoritariamente cumpridas. Mas chamoua atenção para problemas pontuais em estados como Pernambuco – onde poderia ter havido um êxito maior – e Rio de janeiro – local em que o partido não atingiu a meta de eleger três federais e três estaduais.

“Foi positivo o crescimento do partido, mas é preciso persistir na luta pela nova política de quadros. Esse não é um assunto só da organização, mas de todos”, defendeu. A atividade continuou com intervenções sobre a situação detalhada nos estados.

A ideia do encontro é, além de trocar informações e refletir sobre os resultados das urnas, também apontar, após o debate coletivo, diretrizes para o trabalho da Comissão Nacional de Organização. Da reunião, que se encerra nesta sexta (12), sairá um documento a ser apresentado na próxima reunião do Comitê Central do PCdoB.

Da Redação