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Eike Batista já está de olho na SBT de Sílvio Santos

As trapalhadas no banco Panamericano, às voltas com um rombo bilionário, manipulações contáveis e suspeitas de fraude, prometem alterar a realidade das emissoras de TV no Brasil e podem custar ao Grupo Sílvio Santos o canal de televisão SBT. Eike Batista, um dos maiores e mais prósperos empresários do Brasil, foi o primeiro a manifestar interesse na aquisição.

Recentemente, o banco anunciou um rombo de 2,5 bilhões de reais e o Grupo Sílvio Santos, seu principal acionista, obteve um empréstimo no mesmo valor junto ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC), entidade mantida pelos próprios bancos, para sanear a instituição e evitar a falência.

Irregularidades

O aporte foi necessário após a identificação de que o banco mantinha em seu balanço como ativos carteiras de crédito que já haviam sido vendidas a outros bancos. Também houve duplicação de registros de venda de carteiras. Com isso, o resultado da instituição financeira era inflado. Essas irregularidades estão sob investigação do Banco Central, que promete rigor na identificação dos responsáveis. A diretoria do banco foi substituída.

Como garantia para conseguir o empréstimo no FGC, Sílvio Santos empenhou as 44 empresas do grupo, incluindo SBT e Baú da Felicidade. O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sinalizou nesta quinta-feira (11) que o Grupo Silvio Santos poderá ter que se desfazer do controle do Panamericano para pagar a dívida com o FGC (Fundo Garantidor de Créditos).

Caixa Econômica

Meirelles disse que 'é possível' que a Caixa Econômica Federal –que em dezembro de 2009 comprou 49% do capital votante do Panamericano- irá gerir o banco com um outro sócio, se o controlador for constrangido a vender sua participação no banco para pagar o FGC.

A Caixa descarta colocar mais dinheiro no Panamericano e também assumir o controle do banco, segundo uma fonte com conhecimento do assunto, que pediu para não ser identificado. As ações do Panamericano subiam 7,96% às 14h, a R$ 5,15, depois de terem desabado 29,2% na quarta-feira.

Sem dinheiro público

Meirelles também detalhou hoje que os problemas no banco PanAmericano se referem a R$ 2,1 bilhões em relação a operações de crédito e outros R$ 400 milhões em recebíveis de cartões de crédito.

A diretoria de Fiscalização do BC calcula que, caso a liquidação do PanAmericano fosse declarada, o rombo atingiria R$ 900 milhões, já que o patrimônio atual da instituição financeira é avaliado em R$ 1,6 bilhão. Ou seja, seriam deduzidos da conta as irregularidades que somam R$ 2,5 bilhões, valor coberto pelo aporte do Grupo Silvio Santos.

Mais cedo, Meirelles destacou o fato de que não houve uso do dinheiro público para resolver os problemas financeiros do banco PanAmericano.

"Foi solucionado o problema sem o uso de um centavo público. Foi preservado o patrimônio dos acionistas minoritários, da Caixa Econômica Federal, e dos depositantes do banco. O Banco Central seguiu todas as normas legais de prazos, agiu a tempo e na hora. Não tem similaridade com o Proer", afirmou ele, fazendo referência ao programa brasileiro dos anos 1990 de socorro a bancos.

Depositantes não perdem

"O Banco Central pode decretar a liquidação, mas pode determinar medidas preventivas. O banco continua a vida normal. Os depositantes estão livres para sacar seus recursos e depositar se quiserem. Não é uma solução usual hoje no mundo. Sem perda para depositantes e o poder público", acrescentou.

O banco PanAmericano é, no jargão do mercado, uma "financeira", uma empresa focada no fornecimento de crédito para o consumo popular. Até junho deste ano, a instituição possuía uma carteira de empréstimos de R$ 10,9 bilhões, bem como uma base de 12,3 milhões de cartões de crédito emitidos.

A carteira de clientes alcançava 16,9 milhões de cadastros, sendo 2,1 milhões de "ativos" (com empréstimos em aberto). O Panamericano contava ainda com uma estrutura de 203 pontos de venda (até o primeiro semestre de ano), além de aproximadamente 20 mil parceiros comerciais, distribuídos por 85% do território nacional – a maior parte (52%) na região Sudeste e Sul (11%).

O balanço financeiro mais recente mostra que o banco amargou um prejuízo de R$ 20,9 milhões no segundo trimestre, ante um lucro de R$ 51 milhões um ano antes.

Aquisição

A desgraça de Sílvio Santos já despertou a cobiça de alguns capitalistas mais gordos, que estão de olho na aquisição de empresas do antigo camelô, que pode estar vivendo seus últimos capítulos na mídia televisiva. O endinheirado empresário Eike Batista, conhecido por entrar em diferentes áreas de negócios no Brasil, deixou em aberto a possibilidade de negociar com o SBT.
O presidente do grupo EBX disse que está analisando todas as possibilidades de investimento no Brasil. Perguntado se seria interessante ter um canal de televisão para a nova empresa de entretenimento, com quem fechou uma joint venture ontem – a IMG Worldwide -, o executivo respondeu que “sim, claro”. No entanto, não quis dizer se já existe algum tipo de negociação direta com Silvio Santos.

Com agências