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DEM antecipa troca de dirigentes para reverter sua maior crise

Sob pressão do grupo do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e do ex-senador Jorge Bornhausen (SC), o DEM decidiu antecipar a eleições internas para presidente nacional e dirigentes regionais do partido. O atual presidente da legenda, deputado Rodrigo Maia (RJ) — que estava em Washington num encontro com políticos do Partido Republicano —, não participou da discussão.

O partido marcou uma reunião para 8 de dezembro, quando definirá as novas datas das convenções municipais, estaduais e nacional. Sobre a antecipação da a escolha de novos dirigentes, Maia afirmou não ver problema. "A executiva se reúne, convoca uma convenção extraordinária e esta convoca a convenção para definir uma nova executiva ou manter a mesma."

Na quarta-feira, por unanimidade da direção executiva do DEM, a possibilidade de fusão da sigla com o PMDB foi descartada — mas pode voltar ao debate dependendo dos novos dirigentes. As convenções do DEM estavam marcadas para outubro e dezembro do ano que vem. A intenção do partido agora é antecipar a votação interna para o primeiro semestre de 2011, com convenções municipais em março, as estaduais em abril e a nacional, em maio.

A eventual fusão partidária seria para Kassab solução eleitoral em São Paulo, onde pretende sair como candidato ao governo ou ao Senado em 2014. Sem apoio político do grupo do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Kassab poderia viabilizar sua candidatura sem o PSDB. O prefeito é aliado a outro grupo no PSDB, dos tucanos em torno do ex-governador José Serra.

Outra saída para Kassab seria sua migração para o PMDB, mas ele teria problemas em levar a bancada que elegeu em São Paulo — oito deputados estaduais e seis deputados federais – devido à decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou que em casos de migração partidária, os mandatos de cargos proporcionais ficam com o partido.

Para representantes do DEM, somente com uma "janela" os deputados de Kassab poderiam sair sem a perda dos mandatos — uma nova lei que substituísse a regra em vigor. A análise, contudo, é de que haveria pouca aceitação entre os partidos, desde o DEM e o PSDB, como entre o PT, que ficaria com uma bancada menor que a do PMDB. "Se houver essa janela, o PMDB ganha 30 deputados", disse uma liderança do DEM.

Oficialmente, a justificativa para a antecipação das eleições internas é a necessidade de renovação dos quadros de olho nas eleições municipais de 2012. A intenção é dar espaço aos eleitos em 2010 e a novos nomes para 2012 antes do fim do prazo de filiações. Somente na Câmara, dos 43 “demos” eleitos, 18 são novatos. Caso as convenções fiquem para o fim do ano, o partido perde o prazo legal de filiação, sem dar espaço aos novos nomes.

Em almoço no sábado, na presença de Kassab, Bornhausen cobrou de Maia um plano de revitalização do partido, a ser apresentado na reunião de 8 de dezembro. No almoço, o tema da fusão foi dado como encerrado. Segundo Bornhausen, o partido "não foi feliz nas eleições" e a ideia é atrair novas lideranças para um bom desempenho eleitoral nas eleições municipais "para ter direito de pleitear uma candidatura própria a presidente da República".

O ex-presidente do DEM afirmou que, se o partido quiser propalar suas ideias, tem de aproveitar o horário eleitoral no rádio e na televisão em 2012. Ele também deixou clara sua insatisfação com o atual comando partidário. Disse que em 2007, quando os diretórios foram dissolvidos, o objetivo era fazer uma mobilização, o que não aconteceu em alguns diretórios. "Continuamos a ter setores cartoriais", afirmou.

Da Redação, com informações do Valor Econômico