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Especialistas colocam em dúvida viabilidade do "blocão"

É preciso aguardar a posse da nova legislatura para afirmar se a formação de um bloco político encabeçado por PMDB, PP, PTB, PSC e PR, que soma mais de 200 deputados, poderá atrapalhar os planos do governo de Dilma Rousseff. A opinião é de especialistas em Ciência Política ouvidos pelo DCI.

"É possível que ele [o bloco] emplaque ou não. Ainda é muito cedo. O próprio Michel Temer [presidente do PMDB e vice de Dilma] tratou a formação do grupo como um 'protocolo de intenções' e acho que ele não está errado. Enquanto não houver a posse dos novos parlamentares, não se pode afirmar nada", expôs o professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Cláudio Couto.

Ricardo Ribeiro, da MCM Consultores, também considera cedo para avaliar a viabilidade do blocão. O movimento, em sua opinião, teve a intenção de demarcar o terreno do PMDB no futuro governo. "O PMDB tentou com essa iniciativa acenar para o governo que vai querer a manutenção de sua presença no ministério da Dilma e a manutenção do rodízio na presidência da Câmara. O partido sinalizou que pode atrapalhar lá na frente ao colocar esse bode na sala", comparou.

Na sexta-feira passada, o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza, disse que a iniciativa é "página virada e sem sequelas". Ribeiro concorda, e disse que a ação do governo fez PP e PR "colocarem um pé pra fora" da manobra política.

Couto completa que a formação do bloco não é uma tentativa de ganhar espaço apenas no Legislativo, mas também no Executivo, e acredita que a presidente eleita não partirá para um confronto. "A Dilma vai fazer o que tem que fazer: dialogar e tentar evitar essa sobrevalorização que o PMDB está querendo", afirma.

Quanto às legendas, Couto admite que o PMDB terá mais espaços no governo, enquanto o PT deve ter suas funções ainda mais diminuídas.

O crescimento PMDB se deve ao papel da sigla na eleição de Dilma, enquanto os petistas devem se manter em secretarias ligadas à Presidência, cargos que não despertam cobiça entre os partidos.

"Ela não tem outra saída que não negociar", avalia Ribeiro sobre o papel que Dilma deve exercer no imbróglio político-partidário.

O cientista da MCM enfatiza que o momento agora é de esperar pelo desenrolar dos próximos capítulos, mas diz que uma coisa é certa: o PMDB não vai abrir mão da presidência do Senado Federal.

"A tendência é que seja estabelecido o rodízio entre PT e PMDB na presidência da Câmara. No Senado, acho que qualquer tentativa de tirar o PMDB da cadeira da presidência não vai vingar", sublinha.

É preciso aguardar a posse da nova legislatura para afirmar se a formação de um bloco político na Câmara encabeçado pelo PMDB, poderá atrapalhar os planos do governo de Dilma Rousseff, avaliam especialistas.

Fonte: DCI