Sem categoria

Sob pretexto de nova usina nuclear, EUA reforçam ataque à Coreia

O cientista norte-americano Siegfried Hecker afirmou, no sábado (20), que funcionários norte-coreanos lhe mostraram, na semana passada, uma nova usina nuclear. Segundo ele, tratam-se de "centenas de centrífugas" instaladas em "ultramoderna sala de controle". Hecker disse que seus guias locais garantiram que a usina processa urânio a baixo enriquecimento, para produzir energia elétrica. Apesar disso, os Estados Unidos utilizaram o fato para reforçar as ameaças à Coreia do Norte.

O principal comandante militar dos EUA, almirante Mike Mullen, disse que a revelação sobre a planta nuclear mostra que o regime norte-coreano é "muito perigoso". "Mais uma vez a Coreia do Norte segue um caminho desestabilizador para toda a região", disse Mullen à CNN.

De acordo com ele, a posição dos EUA é de que o governo de Pyongyang segue seu caminho na busca de "armas nucleares adicionais". "Há muito tempo que me preocupa a instabilidade na região e, francamente, a Coreia do Norte está no centro de tudo isto", acrescentou.

No dia seguinte à revelação sobre a nova usina, o Washington Post publicou que, em reação à descoberta, o governo Obama enviou "especialistas" para capitais da Ásia para informar as autoridades locais sobre as atividades nucleares norte-coreanas. O objetivo é criar um ambiente para pressionar ainda mais a Coreia, ampliando o pacote de sanções imposto ao país.

As declarações do professor Siegfred Hecker, da Universidade Stanford e ex-diretor do Laboratório Nacional de Los Álamos, foram divulgadas no site do The New York Times. Ele afirmou que conheceu a planta nuclear em visita a Yongbyon. Na entrevista, admitiu que ficou surpreso com a capacidade da unidade, na qual viu centenas de centrífugas recém-instaladas em uma velha usina processadora de combustível derivado de petróleo.

O cientista, ao voltar da Coreia do Norte, contou ao governo norte-americano sobre a usina. Até então, acreditava-se que a Coreia do Norte possuía apenas reatores nucleares, e não centrífugas destinadas a purificar urânio.
 
Hecker disse em relatório que realmente é possível que a intenção norte-coreana seja produzir eletricidade, um elemento bastante necessário para o país. "Ainda assim, o potencial militar da tecnologia de enriquecimento de urânio é real". Ele qualificou a usina como "impressionante".

Os EUA pretendem usar o relato de Hecker para tentar colocar em Pyongyang a pecha de que viola resoluções da ONU. O Japão qualificou a novidade como "absolutamente inaceitável", enquanto os sul-coreanos expressaram "graves preocupações".

O enviado especial de Washington a Pyongyang, Stephen Bosworth, disse que a medida era provocativa, mas "não uma crise". Os jornais locais dizem hoje que, com a declaração, Bosworth deixou a porta aberta para o "diálogo" com a Coreia do Norte, mas não detalhou sob que condições se daria essa negociação.

O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, afirmou que uma usina de enriquecimento de urânio como a descrita "obviamente dá a eles potencial para criar um número maior (de armas nucleares)". Um alto funcionário norte-americano afirmou no domingo que a usina é uma "nova provocação" e pode ter como objetivo obter concessões da comunidade internacional. O governo norte-coreano não se pronunciou sobre o assunto até o momento.

Com agências