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China pede calma e precaução para as duas Coreias

A China preocupa-se com a situação na Península Coreana após a troca de tiros entre a República Popular Democrática da Coreia e a República da Coreia, e pede calma e precaução aos coreanos, declarou nesta quarta-feira (24) o ministro de Relações Externas da China.

A China solicitou aos governos dos dois países que iniciem conversações para evitar incidentes similares, conforme disse o porta-voz do ministério, Hong Lei, em um comunicado divulgado nesta quarta.

"A China presta bastante atenção ao incidente. Lamentamos as mortes e os danos e estamos preocupados com a situação, afirmou Hong.

"Pedimos aos dois lados que tenham calma e paciência, e que iniciem conversações o mais cedo possível para evitar incidentes similares novamente", agregou o porta-voz.

A China e a Rússia já haviam manifestado preocupação diante da troca de disparos de artilharia na última terça-feira, entrando em contato com os governos dos dois países para discutir a questão.

Os Estados Unidos, que procuram manter na sua hegemonia político-militar na Ásia, ao mesmo tempo que exige que a China "pressione" a RPDC, anuncia que realizará exercícios militares conjuntos com o país que ocupa, a Coreia do Sul, na área do incidente.

Direita vocifera

A direita sul-coreana pressiona o governo para que adote medidas "mais enérgicas" contra a Coreia do Norte. O ministro da Defesa, Kim Tae-young, ouviu do parlamento do país que a Coreia do Sul deveria ter adotado "medidas retaliatórias mais rápidas e fortes" contra o norte.

"Lamento que o governo não tenha desfechado um firme bombardeio com jatos de combate durante a segunda rodada de disparos do Norte", disse o deputado Kim Jang-soo, ex-ministro da Defesa.

Disputa entre EUA e China gera tensão

Por trás dos ataques da Coréia do Norte está a disputa entre EUA e China pela hegemonia na Ásia. A avaliação é do cientista político Williams Gonçalves, da Universidade Federal Fluminense, para quem o mundo deve ficar alerta ao fato de que a Ásia é um "tabuleiro de xadrez", no qual os grandes jogadores são EUA e China.

"No último final de semana, um técnico norte-americano apareceu dizendo que norte-coreanos possuem centenas de centrífugas", disse, acrescentando que o presidente dos EUA, Barak Obama, já mostrou não ter uma política externa definida.

"O discurso de estender a mão se mostrou inviável. Os interesses dos EUA estão cristalizados e abarcam toda a elite política. O governo Obama tornou-se fraco, sobretudo após perder o controle da Câmara. E terá de agradar aos republicanos e fazer sua política agressiva, que agora apresenta uma ala fascista (Tea Party) que não hesita em apontar a China como ameaça", adverte Gonçalves, para quem, os EUA querem "controlar o incontrolável".

"Nunca ninguém controlou o Afeganistão, por exemplo. Nem o Exército Soviético. Além disso, existe comunicação com o Paquistão, que pode ser desestabilizado, daí sua relação ambígua com os EUA", avalia.

EUA falam em sucessão

Os EUA acreditam que o ataque está ligado à sucessão da liderança do país, disse o chefe do Estado Maior das Forças Armadas norte-americanas, almirante Mike Mullen.

"Isto foi, em nossa visão, um ato único e premeditado", disse a repórteres o porta-voz do Departamento de Estado P.J. Crowley.

"Sem entrar em questões de inteligência, não acreditamos que a Coreia do Norte está… se preparando para um confronto militar mais amplo", continuou.

Única saída é diálogo direto

"A única escolha possível para os Estados Unidos para tratar com a Coreia do Norte" depois da troca de tiros de artilharia entre as duas nações, de acordo com o jornalista e pesquisador Tim Shorrock, é "negociar diretamente com o governo coreano, chegar a um acordo que coloque um fim ao programa nuclear de Pyongyang e também encerre formalmente a Guerra da Coreia".

Shorrock dedica-se a estudar a RPDC há mais de 30 anos. Ao mesmo tempo, o jornal britânico The Guardian revelou que o ministro de defesa da Coreia do Sul admitiu nesta quarta a possibilidade de autorizar a reinstalação de armas nucleares americanas no país, após a suposta retirada delas há 20 anos.

A RPDC denuncia com veemência, há anos, que os Estados Unidos mantêm na Coreia do Sul um arsenal de armas nucleares, a bordo de seus vasos de guerra ou nas bases militares do país ocupado.

Da redação, com agências