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A luta contra os crimes de Israel e pelos direitos dos palestinos

Nesta segunda-feira, 29 de novembro, comemora-se em todo o mundo o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Iinstituído pela Organização das Nações Unidas em 1977, a data tornou-se oficial em vários estados e cidades do Brasil, por decisão de assembléias legislativas e câmaras municipais.

Em todo o mundo, ocorrem manifestações em solidariedade ao povo mártir da Palestina e em apoio às suas históricas e sempre atuais reivindicações: Criação do Estado Nacional Palestino, independente, livre e soberano, com capital em Jerusalém Oriental, libertação dos seus presos políticos e repatriamento dos refugiados.

Nesta data, há 63 anos, a ONU aprovou em sua Assembleia Geral, a Resolução 181, que decidiu pela partilha do território da Palestina histórica para o estabelecimento de dois Estados – o de Israel e o da Palestina. O Estado de Israel foi implementado em 15 de maio de 1948 e o da Palestina jamais foi criado. Na época, foram expulsos de suas terras 700 mil palestinos. O resultado é a ocupação mais longa do período contemporâneo, que tem sido aprofundada, ao arrepio das leis e convenções internacionais. Uma das maiores injustiças de que se tem notícia. Seguiram-se a essa ocupação, mais de seis décadas de expansionismo e agressões contínuas praticadas pelos sionistas israelenses contra os palestinos. A meta de Israel não é simplesmente dificultar a criação do Estado palestino, mas a sua inviabilização definitiva, através do extermínio desse povo. Por isso, os palestinos e seus irmãos árabes chamam de Nakba (catástrofe) o que aconteceu naquele distante 29 de novembro de 1947.

Todos os direitos inalienáveis do povo palestino têm sido desrespeitados, como à autodeterminação, à saúde, à educação, a transitar livremente. Um muro em construção desde 2002, que corta a Cisjordânia ao meio – projetado para ter 720 km de extensão, com centenas de checkpoints e assentamentos sionistas, além de estradas exclusivas proibidas a palestinos, são símbolos do apartheid que se configura no território ocupado. Em Gaza, o lugar mais densamente povoado do mundo, com 1,5 milhão de pessoas que se espremem em cerca de 360km2, um bloqueio criminoso tem feito com que grasse a fome e a miséria, numa punição coletiva que deveria ser ainda mais impensável em pleno século 21.

No Brasil, de norte a sul, leste a oeste, realizam-se atividades de solidariedade à Palestina durante esta semana. Em São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Florianópolis, entre outras cidades, realizam-se nesta segunda-feira (29) atos políticos com lideranças políticas e dos movimentos sociais.

Solidariedade Internacional

A presidente do Conselho Mundial da Paz e do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz, Socorro Gomes, está participando na Espanha da Conferência Iternacional “Depois de Gaza, o quê?”, promovida pela Associação Européia de Cooperação com a Palestina, que conta com a presença de deputados no Parlamento Europeu, dirigentes de movimentos políticos e sociais da Palestina, de Israel e de países árabes, além de acadêmicos e jornalistas.

Socorro declarou que o Conselho Mundial da Paz é inteiramente solidário com o povo palestino e suas causas – a liberdade, a independência, a autodeterminação, a criação do seu Estado nacional.

Para ela, o povo palestino é vítima de uma brutal injustiça histórica: “Por maquinações do movimento sionista internacional em conluio com as potências imperialistas, no quadro de circunstâncias históricas muito especiais do imediato pós-Segunda Guerra Mundial, a criação do Estado de Israel foi feita em detrimento do povo palestino, porque usurpou parte significativa de seu território, e expulsou grande número de seus habitantes”.

“Estrategicamente”, disse Socorro, “para os sionistas e o imperialismo, a criação do Estado de Israel representou o início de uma ocupação que, por meio do expansionismo e tremenda agressividade, alastrou-se de tal forma que nos dias de hoje o imperialismo estadunidense desfruta de posições estratégicas na região do Oriente Médio, sendo Israel seu principal ponto de apoio, um país transformado numa fortaleza militar e numa potência regional nuclear”.

Se para os israelenses a história de seu próprio Estado foi preenchida por 63 anos de conquistas e expansão, para os palestinos, em sua opinião, “foram seis décadas de martírio e resistência”.

Referindo-se às origens remotas do problema, a dirigente do movimento pela paz disse que há muitas falsificações históricas feitas pelos sionistas e os imperialistas sobre a usurpação das terras palestinas. “Pretende-se justificar a injustiça histórica alegando a necessidade de compensar os judeus por terem sido vitimados pelo nazi-fascismo durante a Segunda Guerra Mundial”.

Mas a ideia de “encontrar um lar para reunir a diáspora judaica” é muito antiga, disse. “Como se sabe, vem desde a fundação do movimento sionista internacional em finais do século 19. Na época, discutia-se se este 'lar’ seria estabelecido no Chipre, na Argentina ou no Congo.

Foi a partir da desagregação do Império Otomano, no rastro da Primeira Guerra Mundial, entre a primeira e as segunda décadas do século 20, que ganhou força a idéia de instalar este “lar” na Palestina, alegando motivos religiosos.

Socorro Gomes lembra também a “famigerada Declaração Balfour”, de 2 de novembro de 1917, quando o império britânico, já interessado no petróleo da região, deu apoio às pretensões sionistas.

Analisando a conjuntura atual, a presidente do CMP destacou que o quadro internacional atual é “fortemente marcado pela execução do plano de reestruturação do grande Oriente Médio, por meio do qual os Estados Unidos, sob o pretexto de democratizar a região, pretendem moldar regimes dóceis e submissos para facilitar a consecução dos seus objetivos estratégicos de domínio desta importante região, rica em recursos energéticos. É uma ofensiva de grande envergadura, estendendo-se ao norte da África e à Ásia Central.

Quanto aos esforços pela paz, ela considera que só será estabelecida quando o povo da Palestina recuperar suas terras e puder construir seu Estado nacional, livre e independente.

“O pressuposto para a paz na região é frear a política agressiva e expansionista de Israel e a devolução, por parte de Israel, de todas as terras palestinas ocupadas (além das sírias e libanesas)”.

Socorro Gomes lembrou, entretanto, que desde a posse do atual gabinete de direita de Israel, em fevereiro de 2009, sob o comando do primeiro Ministro Benjamin Netanyahu, a situação regrediu consideravelmente. “O diálogo foi substituído por uma onda de repressão de grandes proporções. Colônias e mais colônias vêm sendo sistematicamente construídas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental. E o muro se estende por quilômetros e quilômetros, segregando e isolando os palestinos, criando uma situação que inviabiliza a continuidade territorial dos palestinos e acrescentando atribulações e sofrimentos à vida das pessoas, já bastante difícil”.

Ela considera que Israel adquiriu ainda maior força com o apoio do imperialismo norte-americano: “A história tem mostrado à exaustão a ligação carnal entre Israel e os Estados Unidos”. Sendo assim, conclui: “É, portanto, uma ilusão a possibilidade de os Estados Unidos alterarem o rumo imperialista de sua política externa, particularmente quanto ao Oriente Médio e a questão palestina.

A ativista brasileira falou também sobre a necessidade de denunciar com veemência “os inomináveis crimes de lesa-humanidade que Israel tem cometido”, de maneira especial, a criminosa agressão israelense contra o povo palestino na Faixa de Gaza em dezembro de 2008, “uma agressão que se afigurou como um verdadeiro genocídio e hediondo crime de lesa-humanidade, que acabou sendo alvo da condenação dos povos, das nações democráticas e da própria ONU e a brutal agressão pelas Forças Especiais israelenses contra a missão de solidariedade composta por seis navios de ajuda humanitária para o povo da Palestina, em maio deste ano".

Socorro Gomes encerrou seu pronunciamento reafirmando a posição do Conselho Mundial da Paz sobre a questão palestina: “Nosso ponto de vista é o da defesa de liberdade, dos anseios fundamentais da humanidade, do antimilitarismo e, sobretudo, da paz entre os povos. Entendemos que não haverá paz no Oriente Médio enquanto as exigências justas do povo palestino não forem plenamente atendidas – devolução dos territórios ocupados; repatriação dos refugiados; criação do Estado Nacional, com capital em Jerusalém Oriental”.

Embaixador palestino

Em entrevista ao Vermelho o embaixador da Autoridade Nacional Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, disse que “a catástrofe para os palestinos prossegue desde 1947-1948, por obra de um governo que é o mais direitista da história do Estado de Israel”. Al Zeben destacou que o conflito israelense-palestino vive uma das etapas mais “delicadas e perigosas,pois intensifica-se a ocupação militar e multiplicam-se os crimes de guerra, o maior dos quais é a ocupação em si mesma”.

Entre os principais crimes de Israel contra os palestinos, o embaixador enumerou o cerco a Gaza, a existência de mais de 11 mil prisioneiros, o confisco de terras, a destruição de casas e a intensificação da colonização. O representante da ANP no Brasil foi enfático sobre as condições para se obter a paz: “Não pode haver paz e colonização ao mesmo tempo”.

O embaixador Ibrahim Al Zeben considera que para parar os crimes de Israel contra o povo palestino e levar este último à conquista das suas reivindicações históricas é mais do que nunca necessária a pressão internacional: “O mundo deve intervir de maneira ativa, eficiente e imediata para obrigar Israel a respeitar os direitos humanos e o direito internacional que vem violando sistematicamente há 63 anos”.

Neste aspecto, ele ressaltou o “papel dos amigos” em elevar o nível do reconhecimento do Estado palestino, tal como prevê o direito internacional desde 1947.

O embaixador da ANP no Brasil concluiu agradecendo a solidariedade do povo brasileiro e do seu governo. Mencionou em especial o papel do Partido Comunista do Brasil, “sempre solidário e nas primeiras fileiras da luta ao lado do povo palestino”.

Da Redação