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Brasileiros consideram atendimento policial ruim ou péssimo

Na semana em que moradores do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, relataram abusos da polícia durante a ocupação da comunidade, o Ipea (Instituto Brasileiro de Pesquisa Aplicada) divulgou uma pesquisa sobre segurança pública que revela que a maioria dos brasileiros considera ruim ou péssimo o atendimento que recebem das polícias.

A informação integra o Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips) sobre segurança pública, lançado em Brasília na tarde desta quinta-feira (2). Além de segurança, o Sips vai abranger também, em estudos posteriores, as áreas de saúde, sistema bancário, mobilidade urbana, saúde, educação e qualificação para o trabalho.

No tópico sobre a atuação policial no Brasil, o mais extenso do levantamento, a maior parte dos entrevistados se mostrou insatisfeita com a qualidade dos serviços prestados por essas instituições.

Preconceito e desrespeito nas abordagens foram alguns problemas citados, sempre atrelados à condição social e ao grau de instrução dos consultados. Aspectos relacionados à infraestrutura também foram criticados: conforme o estudo, por exemplo, 61,7% dos entrevistados apontaram lentidão da polícia no atendimento a emergências via telefone, ao passo que, para quase 70%, as investigações criminais em geral são lentas e ineficientes.

Quanto ao diálogo entre policiais e cidadãos, a percepção geral também foi razoavelmente negativa: dois terços dos entrevistados (66,5%) classificaram o tratamento como desrespeitoso durante as abordagens. Outros 63,2% dos pesquisados relataram falta de observação contumaz da polícia aos direitos dos cidadãos.

Indivíduos com mais de 54 anos, bem como aqueles situados na maior faixa de rendimento familiar mensal –superior a 20 salários mínimos– apresentaram uma visão mais positiva que os demais em relação às formas de abordagem e interlocução da polícia.

A avaliação mais negativa, por outro lado, ficou com aqueles que afirmaram ter sofrido algum crime nos últimos doze meses ou já ter tido algum tipo de contato direto com a polícia. O desrespeito policial, por exemplo, foi elencado por 71% dos entrevistados entre 18 e 24 anos.

Contato com a polícia

O Ipea pesquisou também quais possíveis problemas podem ter ocorrido na interlocução entre o cidadão e os policiais. Sobre esse aspecto, constatou que situações como ameaças (5,8% afirmam ter sofrido), ofensa verbal (10,8%), agressão física (3,4%) e extorsão (4,1%) foram confirmados pelos entrevistados.

Os dados divergiram por região e renda dos entrevistados. Ainda que na média da pesquisa 5,8% das pessoas tenham alegado algum tipo de ameaça sofrida, por exemplo, no Norte o percentual é de 13,1%; na mesma região, queixas sobre ofensas verbais de policiais é o dobro da média para o país: 20%.

Quanto à renda, o Ipea constatou que nenhum entrevistado com mais de 20 salários mínimos de renda familiar alegou ter sofrido ameaças ou agressão por parte de policiais, contra 5,8% e 3,4% da média nacional, respectivamente. Além disso, somente 1,8% dos indivíduos nessa faixa de rendimento apontaram algum tipo de ofensa verbal no contato com a polícia, contra a média nacional de quase 11% dos cidadãos.

A pesquisa foi feita presencialmente, com visitas aos domicílios, e ouviu 2.770 brasileiros em todos os Estados. Os pesquisadores se valeram da técnica de amostragem por cotas e estabeleceram uma margem máxima de erro, por região, de 5%. Critérios como renda, sexo, idade, estado civil e escolaridade nortearam os questionários.

Da redação, com agências