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Cargos e nomes do PSB no governo Dilma ainda estão indefinidos

O adiamento da conversa oficial entre a presidente eleita, Dilma Rousseff, e o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, para definir os nomes do partido que vão compor o futuro governo, foi boa para os dois lados. O PSB está usando o tempo para aparar algumas insatisfações internas, já que o partido vai indicar o deputado Márcio França (SP) para a Secretaria dos Portos, apesar de alguns preferirem a indicação do também deputado Beto Albuquerque (RS).

Para Dilma, o atraso servirá para definir a situação do senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), que não aceita a indicação para o Ministério da Micro e Pequena Empresa.

O convite para Valadares tornar-se ministro é fundamental para que seu suplente e presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, assuma uma cadeira no Senado por Sergipe. Dilma avisou isso ao partido, que aceita a pasta."Se Dilma quiser manter a Micro e Pequena Empresa na cota do PSB, tudo bem. Mas não forçaremos Valadares a nada. Dilma que se vire para encontrar um lugar para ele", disse em entrevista ao Valor um dirigente partidário.

No caso da Secretaria dos Portos, a direção do PSB vai atender ao pedido da bancada de deputados e indicar o nome do ex-líder do partido na Casa, Márcio França. Paulista, ele é visto com ressalvas pelo PT de São Paulo, que acusa os dirigentes locais do partido de militarem com mais liberdade junto ao PSDB do que ao PT. Além disso, os petistas reclamam que Márcio França foi um dos principais articuladores da candidatura frustrada de Ciro Gomes ao governo estadual. Relevam, contudo, a informação de que essa estratégia foi arquitetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o apoio da então pré-candidata, Dilma Rousseff.

Dentro do PSB, contudo, alguns afirmam que Dilma tem de fato preferência pelo deputado Beto Albuquerque (RS). Gaúcho, ele está há 24 anos no partido e foi vice-líder do governo na Câmara durante os oito anos do governo Lula. Beto já foi convidado pelo governador eleito do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, para ocupar a Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística. Agradeceu a Tarso, mas afirmou que "ainda aguarda a definição nacional, pois gostaria de permanecer em Brasília se fosse possível".

Beto negou que a decisão envolva qualquer problema pessoal com Tarso Genro. Alguns adversários afirmam que, por ter tido uma trajetória política mais próxima de outro petista – Olívio Dutra – o deputado do PSB poderia sentir-se constrangido em trabalhar com Tarso. "É uma questão de visibilidade. Se não der certo, volto para o Rio Grande do Sul", afirmou.

O único nome que parece acima de quaisquer dúvidas é do atual secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Fernando Bezerra Coelho. Bancado diretamente pelo presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ele sofreu ataques de aliados de esquerda afirmando que o secretário teria "explicações a dar junto ao Tribunal de Contas do Estado". Para pessoas ligadas à Campos, porém, trata-se de intrigas de políticos nordestinos do PT, "enciumados com as benesses conseguidas por Pernambuco durante a gestão Lula".

O governador de Pernambuco permaneceu três dias em Brasília ao longo desta semana. Participou de uma cerimônia do PAC no Palácio do Planalto, jantou com o senador eleito de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) e compareceu à posse do novo presidente do Tribunal de Contas da União, Benjamin Zymler. Este foi o único momento em que, mesmo rapidamente, teve condições de conversar com a presidente eleita, Dilma Rousseff.

Dilma afirmou a ele que "precisava resolver outras questões antes de chamá-lo para uma conversa definitiva". No partido, isso foi interpretado como a definição dos espaços do PMDB, já que o PSB está recuperando a Integração Nacional – ocupada hoje por um pemedebista. "Devemos resolver nossa situação neste fim de semana", informou um dirigente partidário.

Fonte: Valor