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Piora a qualidade do crescimento

O terceiro trimestre de 2010 mostrou a volta do estilo de crescimento que preocupava o país antes da crise. O consumo das famílias aumentou a um ritmo três vezes superior ao 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) na comparação com o segundo trimestre, já descontados os fatores sazonais.

A piora na composição do crescimento foi suavizada pelo investimento, que cresceu 3,9% e ficou acima da alta de 1,6% na demanda das famílias. A taxa de investimento foi impulsionada pela importação de máquinas e ficou em 19,4% do PIB no terceiro trimestre.

Manufaturados

O ponto mais negativo no resultado do terceiro trimestre foi a queda no PIB da indústria de transformação (manufaturados), de 1,6% em relação ao resultado do segundo trimestre. Como o consumo interno continuou alto nesse período, o hiato em relação à produção é explicado pelas importações e pelo uso de estoques acumulados no primeiro semestre do ano. Se a economia brasileira iniciasse o terceiro trimestre sem estoques, a alta do PIB poderia ter ficado em 0,9% na comparação com o trimestre anterior.

Também sem importações, o resultado teria sido muito mais expressivo. As importações no terceiro trimestre foram 40,9% superiores às do mesmo período do ano passado, maior avanço desde o segundo trimestre de 1995, no Plano Real. Sem elas, o crescimento do PIB no terceiro trimestre em relação ao mesmo período de 2009 teria sido de 10,3%, muito acima dos 6,7% registrados pelo IBGE.

O IBGE também anunciou a revisão do PIB do ano passado, que passou de menos 0,2% para menos 0,6%. Essa base menor de comparação fez com que os economistas revisassem para cima o PIB de 2010. As projeções se consolidaram em torno de 7,5%, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, elevou sua estimativa para 8%.

Fonte: Valor