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Niko Schvarz: A grande conspiração contra Assange

Neste momento é evidente que o governo dos Estados Unidos está patrocinando uma feroz campanha a nível mundial e em várias frentes, movimentando todos os recursos, para silenciar o site WikiLeaks (tarefa impossível, porque os centenas de milhares de documentos secretos que relevou há estão distribuídos em uma série de sites) e para reduzir seu fundador, Julian Assange, que desde terça-feira (7) está aprisionado em uma cadeia britânica.

Por Niko Shvarz, no jornal La República (Uruguai)

Uma das variantes que se planeja é a de assassiná-lo, sem mais burocracias. Vindo da CIA e organismos adjacentes, não se trata de ameaças vãs, mas com um risco alto de se concretizarem. Os exemplos são abundantes. O primeiro passo é declará-lo terrorista, para justificar qualquer ação contra ele.

Foi o que pediram vários congressistas republicanos, ao mesmo tempo que o procurador-geral Eric Holder abriu uma investigação criminal pelo vazamento de documentos "que podem colocar em risco a segurança nacional".

Na cadeia de televisão estadunidense CBC Tom Flanagan, professor de Ciências Políticas da Universidade de Calgary e ex assessor do primeiro ministro canadense Stephen Harper, disse que era preciso contratar um assassinho ou que Obama "deveria usar um drone" (avião não tripulado) para provocar o desaparecimento de Assange.

O pastor batista Mike Huckabee, ex-governador de Arkansas e terceiro na lista de candidatos republicanos, opinou que aqueles que vazaram os documentos deveriam ser executados, e a nova estrela do Tea Party, Sarah Palin, disse que Assange deveria ser tratado como "um terrorista da al-Qaida".

No dia 7 Assange se apresentou à polícia em Londres e foi recolhido à prisão de Wandsworth. O juiz encarredo do precesso de extradição solicitado pelas autoridades da Suécia (com fundamentos absurdos) negou a liberdade sob fiança, solicitada por várias personalidades, entre elas o cineasta Ken Loach, que ofereceram em conjunto 180 mil libras.

Tudo isso se configura em uma "boa notícia" no julgamento do chefe do Pentágono, Robert Gates, que tem pesadelos com as revelações dos documentos sobre os massacres e torturas cometidas pelas tropas sob seu comando.

Os advoganos de Assange voltarão a pedir a sua libertação na terça-feira (14), e receberam o reforço de Geoffrey Robertson, destacado advogado anglo-australiano que contribuiu para que Pinochet permanecessesse atrás das grades em Londres.

A tudo isso se somaram manobras tecnológicas e financeiras para afogar a WikiLeaks. A operadora de cartões de crédito MasterCard suspendeu todos os pagamentos dirigidos ao site, sendo seguida pela Visa, o portal de pagamentos pela Internet PayPal e a entidade financeira suíça Postfinance, que cancelaram as contas mantidas pelo WikiLeaks ou por Assange para receber doações. Antes, a Amazon.com havia congelado o site do WikiLeaks.

Na última entrevista dada por Assange, para a jornalista brasileira Natália Viana, do Opera Mundi, pouco antes dele apresentar-se aà polícia londrina, Assange disse que "o líder do Comitê de Segurança Nacional do Senado entreou em contato com a Amazon exigindo que o site fosse fechado.

Na entrevista, Assange repudia com fundamentos as duas acusações que pendem sobre ele: a de espionagem e agressão sexual na Suécia. A primeira responde que é falsa, pelo seguinte: "WikiLeaks recebe materiais de ativistas e de jornalistas e as entregamos ao público. Para que nos acusassem de espionagem deveriamos trabalhar ativamente para obter esse material e fazê-lo chegar a um estrangeiro".

Sobre a base dessa acusação, agrega, acaba de ser congelada sua conta em um banco da Suíça, foram congeladas as transferências de dinheiro por parte da empresa PayPal e a Amazon tirou o site do ar, tudo isso por razões políticas.

Somento pelo congelamento dos pagamentos foram perdidos cerca de 100 mil euros na semana passada. Assange resume a situação com uma frase que merece ser recordade: "É fascinante ver os tentáculos da elite norte-americana corrupta. De certo modo, observar essa reação é tão importante como ler o material que publicamos".

Mas ele não se rende. "Temos outras contas nos bancos da Islândia e da Suécia que o público pode usar. Também aceitamos cartões de crédito. Contamos com a diversidade e o apoio de boas pessoas. Temos mais de 350 sites no mundo que reproduzem nossos conteúdos. Precisamos disse mais que nunca". A difusão dos documentos não será detida. Seus colaboradores também asseguram isso.

E é provável que se somem às cerca de 250 mil cartas diplomáticas que há estão circulando (seguindo a centenas de milhares e vídeos anteriores) outros temas trnascendentes, como as manobras dos grandes bancos e as empresas petrolíferas, que interessam a todo mundo.