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Associação Interciência e SBPC apresentam ações para Amazônia

A intenção é "fazer da região amazônica uma prioridade nacional e internacional em Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação". Para tanto, a 36ª Reunião Anual da Associação Interciencia e o simpósio internacional "O futuro da Amazônia", promovido em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), foram realizados no mês de outubro, em Manaus (AM).

Na ocasião, pesquisadores das Américas do Sul e do Norte debateram questões centrais para o desenvolvimento científico e econômico da região amazônica.

As duas entidades elaboraram a Declaração de Manaus, documento final do evento, no qual são apontadas recomendações para fazer da região amazônica uma prioridade nacional e internacional em Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação.

Leia a íntegra do documento:

"Declaração de Manaus

36ª Reunião Anual da Associação Interciencia e Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência (SBPC)

A Amazônia é uma região singular caracterizada por diversidades ambientais, biológicas e sociais. A dicotomia desenvolvimento-desflorestamento, o efeito das mudanças climáticas e a falta de informação sólida para embasar a intervenção ambiental e social devem ser considerados quando do planejamento de estratégias para o desenvolvimento sustentável, o crescimento e o monitoramento da Amazônia.

A Amazônia é uma região complexa e dinâmica, com muito para ser entendido sobre sua riqueza biológica e sua cultura. Tecnologias para o desenvolvimento de novos produtos e processos, que considerem a interação com o coração da floresta, são vitais na implantação de estratégias para a inclusão social e aumento da renda per capita. O papel da Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação é fundamental.

Portanto, seguindo a Declaração de Cochabamba, os cientistas presentes na XXXVI Reunião Anual da Associação Interciencia desejam reforçar as propostas anteriores e exortar nossos governos a considerar as recomendações listadas a seguir, para fazer da região amazônica uma prioridade nacional e internacional em Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, a fim de melhorar o bem estar dos cidadãos de todo o mundo, em particular daqueles dos oito países amazônicos – Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela – e do Departamento Francês da Guiana.

1) Adotar estratégias orientadas para melhorar a educação básica a fim de erradicar o analfabetismo, o que ajudará na redução da desigualdade social, permitindo melhor uso da informação;

2) Reconhecer a absoluta necessidade de uma rede de cientistas e especialistas de âmbito multinacional com abordagem multidisciplinar para os estudos sobre a região amazônica;

3) Engajar os jovens cientistas de todo o mundo em estudos sobre a Amazônia a fim de acelerar a produção de informação precisa para a inclusão social e o desenvolvimento sustentável;

4) Expandir a capacidade de todos os países amazônicos para que realizem levantamentos de suas diversidades (ambiental, biológica e cultural), incluindo formação de especialistas em Sistemática e Taxonomia, a fim de apoiar programas que reduzam o desmatamento e promovam a conservação;

5) Desenvolver e usar novas tecnologias (biotecnologia, nanotecnologia) para novos produtos e processos a fim de aumentar a inclusão social numa economia baseada na floresta; melhorar a produção de organismos aquáticos e recuperar áreas tropicais degradadas para produção de culturas regulares;

6) Adotar todas as estratégias necessárias para melhorar a comunicação e a socialização do conhecimento científico;

7) Reconhecer a importância do conhecimento indígena para apoiar novas intervenções ambientais e para desenvolver novos produtos e processos, adotando todas as estratégias para que os benefícios sejam compartilhados com as comunidades locais; coletar e proteger o conhecimento tradicional, evitando que as informações sejam apropriadas ilegalmente e patenteadas em países fora da região amazônica;

8) Adaptar estratégias para proteger o multiculturalismo, incluindo documentação das línguas nativas, especialmente aquelas faladas por um número reduzido de pessoas, evitando interferências nas comunidades locais;

9) Designar uma Comissão Multinacional a fim de propor marco legal comum para proteger os recursos naturais da Amazônia e suas necessidades sócio-econômicas, incluindo saúde e educação;

10) Consolidar uma estratégia coerente e adequada para construir infraestrutura que apoie a produção de informações voltadas às necessidades da Amazônia, com conservação da floresta, incluindo melhoria das tecnologias de comunicação, produção de energia, distribuição e transporte bem como a criação de um sistema que assegure reconhecimento, tradução, transmissão, administração apropriada e compartilhamento dos resultados científicos modernos e do conhecimento tradicional, para a rápida execução dos objetivos que permitam o avanço social, comercial e ambiental da Amazônia;

11) Avançar no diálogo e na cooperação entre os países amazônicos a fim de reduzir a burocracia e as assimetrias, adotando ações conjuntas entre as instituições científicas e tecnológicas para acelerar a apropriação social das informações;

12) Reconhecer e mapear a ocorrência de doenças na Amazônia, a fim de divulgar o conhecimento dessas doenças para tomar decisões que reduzam a disseminação e a mortalidade, levando em conta a distribuição desigual por toda a região;

13) Preparar a região para lidar com consequências induzidas pelas mudanças climáticas, tais como doenças amazônicas, escassez na produção de alimentos, alterações nos ecossistemas, falta de serviços ambientais e desafios urbanos;

14) Expandir a cartografia geral e sistemas de monitoramento (água e uso da terra) da Amazônia, incluindo cartografia social;

15) Construir uma base de dados comum para o Bioma Amazônico a ser administrado por todos os países amazônicos, sob a supervisão da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica)".

Fonte: Jornal da Ciência