CSA terá que reduzir a 70% sua capacidade operacional

A Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), que caminhava para a produção plena, terá que reduzir imediatamente a 70% sua capacidade operacional, até que sejam resolvidos os problemas técnicos que resultaram no lançamento de poluentes no ar no entorno da usina, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, no final de dezembro.

No dia 3, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pediu para avaliar o laudo com a análise da fuligem expelida pela CSA. De acordo com o pneumologista Hermano de Castro, chefe do ambulatório de Doenças Pulmonares Ambientais e Ocupacionais da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), ligada à Fiocruz, o material pode conter, além de elementos que irritam o aparelho respiratório, como o grafite, outros metais que podem provocar câncer no longo prazo. Ele informou que a Fiocruz enviou ao Instituto Estadual do Ambiente (Inea) um ofício solicitando as informações.

Em reunião com o conselho de administração da siderúrgica, a Secretaria de estado do Ambiente anunciou ainda que a CSA passará por auditoria externa, conforme exigência do Inea e do Ministério Público Estadual, a ser realizada por uma empresa de engenharia ligada ao setor siderúrgico.

O governo do estado descartou a participação de auditores alemães para evitar conflito de interesses, uma vez que o grupo controlador da siderúrgica é o alemão Thyssenkrupp, com 73,13% do capital. Os 26,87% restantes são da Vale. Entre as candidatas estão a coreana Hyundai, a holandesa Tata Chorus, a brasileira Usimec e a canadense Hatch.

O presidente do conselho de administração da CSA, Hans Fischer garantiu que a siderúrgica vai indenizar as famílias afetadas pelas emissões de grafite, em valores ainda não calculados. A própria companhia estima em 6 mil o número de residências atingidas.

Os lançamentos de grafite no ar resultaram de defeitos em equipamentos da usina e que tornaram necessários descartes de ferro gusa nos poços de emergência licenciados somente para esse fim. O primeiro ocorreu logo no início das operações em agosto passado, quando a empresa foi multada em R$ 1,8 milhão.