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Comércio cresce 34,7% e amplia influência da China no mundo

A China driblou a crise do capitalismo nos EUA e UE e fechou 2010 com um crescimento do comércio exterior de 34,7%. Exportações e importações somaram 2,97 trilhões de dólares, quase oito vezes o valor das trocas internacionais realizadas pelo Brasil no período. O saldo comercial do país ficou em 183,1 bilhões de dólares, superando o total das importações brasileiras em 2010 (US$ 181,638 bilhões), mas com queda de 6,4% em relação a 2009.

Por Umberto Martins

As vendas externas subiram 31,3% em relação a um ano antes, perfazendo US$ 1,58 trilhão. As importações avançaram mais, registrando elevação de 38,7% e ficando em US$ 1,39 trilhão. As informações foram divulgadas nesta segunda-feira (10) pela Administração Geral de Aduanas da China.

Política cambial

Em dezembro, o superávit comercial foi de 13,1 bilhões de dólares, inferior em US$ 9,8 bilhões ao de novembro. As exportações cresceram 17,9% em relação ao último mês de 2009, somando US$ 154,2 bilhões. Já as compras aumentaram 25,6%, ficando em US$ 141,1 bilhões.

Com este desempenho, que tem muito a ver com a política cambial, a próspera nação asiática consolida sua liderança no ranking mundial das exportações, que conquistou em 2009 depois de superar a Alemanha. Os Estados Unidos recuaram para a terceira posição.

Crescimento ininterrupto

O comportamento do comércio exterior reflete o extraordinário crescimento da economia chinesa, que no ano passado deve ter ficado na casa dos 10%. Graças ao desenvolvimento ininterrupto ao longo das últimas décadas (que teoricamente é ou devia ser uma característica das sociedades socialistas), a China possui hoje a segunda maior economia do mundo e não vai demorar muito a superar os EUA.

A crise do capitalismo americano levou muitas indústrias chinesas à falência, devido à forte dependência destas em relação ao maior mercado consumidor do mundo. Cerca de 20 milhões de trabalhadores (sobretudo migrantes) foram sumariamente demitidos em 2009. Mas a economia reagiu aos estímulos criados pelo governo, a crise aparentemente foi contornada, os empregos foram resgatados e ainda naquele ano o PIB chinês cresceu mais de 9%.

A relevância do comércio

Ao acentuar o desenvolvimento desigual das nações, que Lênin considerava uma lei absoluta do capitalismo moderno, a crise favorece a ascensão da China e intensifica o ritmo da decadência das potências capitalistas tradicionais (EUA, Alemanha e Japão, principalmente).

O comércio, conforme notou Karl Marx, é o espaço por excelência da realização do capital das indústrias. O comércio exterior tem uma relevância extraordinária na evolução do poder relativo e da influência das nações na economia mundial. Com a expansão das importações, hoje a um ritmo superior ao das exportações, a China vai ocupando o espaço dos EUA na demanda por mercadorias e galgando a posição de principal locomotiva da economia mundial.

Não fosse a demanda chinesa e a crise seria ainda mais séria. A rápida recuperação de economias consideradas “emergentes”, como a brasileira, não teria ocorrido. Em 2009, é bom lembrar, a China se transformou na maior parceira comercial do Brasil, deslocando os Estados Unidos, hoje em terceiro lugar, depois da Argentina.

Exportação de capitais

O acúmulo de reservas (agora em cerca de 2,7 trilhões de dólares), graças ao saldo comercial e aos investimentos estrangeiros no país, transformam a nova potência asiática em grande investidora internacional. Por este meio, ela avança num terreno vital, até então considerado exclusivo das grandes e tradicionais potências capitalistas ou, em outras palavras, dos países imperialistas: a exportação de capitais.

A emergência da China, aliada à ascensão de países até há pouco situados na periferia do sistema imperialista internacional (Índia, Brasil, Rússia, África do Sul) e à crise da hegemonia americana, desperta com força e objetividade a necessidade de uma nova ordem mundial.