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Jornal Avante: Números do sistema ignóbil

O jornal Avante, do Partido Comunista Português, oferece uma análise dos dados divulgados pelo banco Credit Suisse acerca da concentração de renda nos países, e conclui: "burguesia acumula fortuna sobre a miséria generalizada". Acompanhe a matéria:

A concentração da riqueza mundial disparou na última década. De acordo com um relatório publicado pelo Credit Suisse, a riqueza cresceu 72% desde o início do novo século. A par desta subida, aumentou igualmente o fosso entre ricos e pobres.

O estudo que tem em conta apenas a população mundial adulta, revela que 1% destes detêm 43% da riqueza, ao passo que 43% dos seres humanos maiores de idade repartem entre si apenas 2% da riqueza total.

Dito de outro modo, os 0,5% muito ricos controlam 35% da riqueza mundial. Quando a percentagem dos muito ricos sobe para os 2%, o total acumulado acompanha-a para os 50% da riqueza mundial, e quando sobe para os 8% a parcela dos mais ricos, ascende a 73,3% o conjunto de ativos na economia planetária concentrada por eles.

Na Oceania estão 4,1 mil milhões de adultos, isto é, a esmagadora maioria, que repartem entre si 20,7% da riqueza mundial. 80% da população mundial (maiores e menores de idade) vive em países onde o fosso entre ricos e pobres aumentou.

Mas, a par da concentração da riqueza, o fosso entre países ditos desenvolvidos e em vias de desenvolvimento também se agravou, com os primeiros a sorverem parte considerável da riqueza e recursos dos segundos, nos quais a miséria se alastra.

Ainda segundo a instituição bancária suíça, 63% da riqueza mundial está concentrada nas mãos do grande capital europeu e norte-americano, e 22% na posse da grande burguesia asiática. Nas demais regiões, concentram-se os restantes 15% da riqueza mundial, embora nelas residam 58% da população adulta.

Dados das Nações Unidas, por seu lado, afirmam que nos últimos 40 anos duplicou o número de nações consideradas menos desenvolvidas, as quais mais que duplicaram a importação de gêneros alimentares entre 2002 e 2008.

No mesmo sentido, as estatísticas oficiais indicam que o rendimento médio nos países africanos mais pobres caiu 25% nos últimos 20 anos, e que este continente possui somente 1% do total da riqueza mundial, contrastando, por exemplo, com os Estados Unidos, onde se concentram 25% da riqueza global.

A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma também que mais de um sexto da população mundial é afetada pela fome, flagelo que mata um ser humano a cada 3,5 segundos, a maioria crianças menores de 5 anos.

Fonte: Jornal Avante