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Mercadante faz sua primeira agenda oficial no Inpe

Em seu primeiro compromisso oficial como ministro, Alozio Mercadante (Ciência e Tecnologia) esteve ontem no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, e afirmou que o instituto terá importância estratégica em sua gestão, especialmente pelos programas que desenvolve nas áreas de monitoramento de florestas, mudanças climáticas, previsão de tempo e desenvolvimento de satélites. 

- Lucas Lacaz Ruiz/A13

Mercadante conheceu o Laboratório de Integração de Testes (LIT), onde os pesquisadores realizam os experimentos em satélites, entre outras atividades relacionadas à tecnologia espacial. Em seguida, cedeu uma entrevista coletiva, onde abordou os rumos da tecnologia no país, citou projetos que serão colocados em prática, como o Centro de Prevenção de Catástrofes e as parcerias com instituições e outros países.

Com foco em inovação, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, disse que pretende fortalecer o setor aeroespacial brasileiro por meio de boas propostas e muita motivação.

Mercadante ressaltou que vai procurar uma solução para o problema do déficit de especialistas na área espacial, com a contratação de novos pesquisadores. "A geração dos 50 e 60 anos já representa quase dois terços do pessoal que trabalha hoje no Inpe e no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), e o Estado precisa preservar as suas funções de excelência."

O ministro comentou que, nos últimos dois anos, os pesquisadores do Inpe e do DCTA tiveram reajuste salarial importante – 92%, em média – , mas lembrou que o índice ainda está defasado em relação ao mercado de trabalho, que está aquecido.

De volta para casa

O ministério, segundo Mercadante, quer trazer de volta pesquisadores que hoje trabalham fora do país. Só em universidades americanas de primeiro nível, segundo o ministro, trabalham hoje cerca de 3 mil professores brasileiros.

"Precisamos criar uma rede para que esses profissionais se relacionem com o Brasil e possam participar de projetos no nosso país, e também abrir uma porta para os que quiserem voltar, além de incentivar a vinda de pesquisadores estrangeiros de alto nível para trabalhar em nossas universidades e institutos de pesquisa", disse.

Mercadante comentou que ainda é prematuro falar em mudanças estratégicas no programa espacial brasileiro. "Temos de avaliar com profundidade o que nós vamos fazer e a ideia é elaborar um diagnóstico bem rigoroso para construir uma estratégia que seja consistente e duradoura."

Qualquer alteração no âmbito das empresas do ministério (ACS, Nuclepe Sibratec), segundo ele, só será feita a partir de uma avaliação rigorosa da atual equipe recém-indicada para trabalhar no ministério. "O critério vai ser competência técnica e excelência. Isso aqui é política de Estado e nós vamos tratar todas essas instituições com esse perfil. A presidente me deu total liberdade para fazer isso."

Acompanhando o ministro, estiveram presentes o diretor do Inpe de Cachoeira Paulista, Gilberto Câmara, o Deputado Estadual, Carlinhos Almeida (PT), o pesquisador e ex-diretor do Inpe, Carlos Nobre, que irá assumir a secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério e o presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Marco Antonio Raupp, que comandará a presidência da Agência Espacial Brasileira.

Satélites

Na área de lançadores de satélites, o ministro disse que o objetivo é continuar e avançar. No dia 21, Mercadante voltará a São José dos Campos para conhecer de perto os principais projetos do Brasil nessa área e programou uma visita ao DCTA. O ministro será recebido pelo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito.

Mercadante disse que considera indispensável o investimento em satélites que fazem o monitoramento climático e dão apoio à previsão de safra. "A economia satelital representa hoje US$ 206 bilhões por ano. Portanto, é um setor de grande disputa estratégica, de alto valor agregado e que também permite desenvolvimento de inovação em muitas outras áreas da economia", afirmou.

Durante a coletiva, o ministro destacou ainda a importância do supercomputador do Inpe de Cachoeira Paulista, inaugurado recentemente. Segundo ele, a máquina será fundamental para o desenvolvimento das previsões meteorológicas e, consequentemente, para o monitoramento das áreas de risco no país.

Além disso, Mercadante reforçou a posição do Brasil em relação à biodiversidade. “O Brasil é o G1 da biodiversidade”, ressalta. Esse posicionamento, de acordo com o ministro, lança o desafio da geração de valor agregado à diversidade biológica brasileira.

Após a visita ao Inpe a agenda do novo ministro se estendeu ao Parque Tecnológico de São José dos Campos, onde conheceu as empresas do ramo aeronáutico, defesa e segurança, instaladas na Instituição.

Da redação, com Valor Econômico e Agrovale