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Envolvido em denúncias, ministro da Defesa do Chile renuncia

O ministro de Defesa do Chile, Jaime Ravinet, apresentou sua renúncia ao posto no fim da tarde desta quinta-feira (13/1), dias depois de gerar polêmica ao recusar reportar os gastos do exército na construção de uma ponte. A saída do ministro é a primeira mudança de gabinete do governo de Sebastián Piñera, presidente do país desde março de 2010.

"Eu tomo esta decisão por motivos pessoais. A renúncia é irrevogável", disse Ravinet, depois de se reunir com o ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter. "O que posso dizer? Para mim foi um cargo agradável por dez meses, enquanto estive nele.”

A controvérsia em torno de Ravinet surgiu, pela primeira vez, depois da compra de material para a reconstrução do Chile, devastado pelo terremoto de 27 de fevereiro de 2010. Há suspeitas de que houve superfaturamento na compra de um viaduto que substituirá uma ponte destruída durante o terremoto que sacudiu o solo chileno.

Frente a denúncias de uma empresa inglesa, que ofereceu o viaduto por 14 milhões de dólares, a Controladoria do país iniciou uma investigação, em outubro, da aquisição da estrutura por 16 milhões de dólares, fornecida pela empresa americana Acrow Corporation (AC).

Paralelamente, uma corporação jurídica que luta pelo acesso à informação pública, chamada Conselho para a Transparência, entrou com uma petição para analisar documentações que determinaram os critérios de compra do viaduto.

Nos primeiros dias de 2011, o portal chileno El Mostrador publicou um documento em que Ravinet responde à entidade que a revelação forçosa das informações levaria a uma “resistência” das forças armadas “a colaborar com as autoridades civis diante de catástrofes naturais, por se verem obrigadas a exibir seu material de guerra ou equipamento para acudir e prestar auxílio à população civil”.

As declarações geraram polêmica, devido à importante atuação do exército chileno no resgate de vítimas do terremoto de fevereiro, assim como na remoção de escombros, distribuição de água e assistência sanitária. Segundo o mesmo portal, fontes dos três braços das forças armadas afirmaram que as palavras do ministro lhes colocavam em situação “incômoda”, já que conotavam um acordo prévio às declarações, que segundo elas, não aconteceu.

A crise se agravou com a conclusão da Controladoria-Geral do Chile e críticas da oposição sobre a compra de uma casa para o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, general Christian Le Dantec. O custo estimado da casa é superior a US$ 1 milhão.

Ravinet já havia surpreendido os chilenos no início de 2010, ao aceitar o posto de ministro do governo democrata cristão de Sebastián Piñera, após passar por três ministérios na presidência de Ricardo Lagos, da Concertação. Na ocasião, o político se justificou, afirmando que era o “mais direitista” entre os companheiros de esquerda.

Ao anunciar sua renúncia, o ministro garantiu que não deixa o posto devido às recentes derrapadas: “Não é por nenhum assunto político, nem por diferenças importantes neste sentido”, disse ele, ao que completou: “Há muito tempo tomei a decisão de não estar mais na carreira política. Para mim, foi uma surpresa que me pedissem para ingressar no Ministério de Defesa".

Com agências