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Como o PiG fez “jornalismo de campanha” contra a Constituição

O jornalista Emiliano José acaba de lançar o livro Jornalismo de Campanha e a Constituição de 88, pela editora da Universidade Federal da Bahia e a Assembléia Legislativa. Com o rigor e a coragem de sempre, Emiliano disseca o papel nefando do PiG (*) na cobertura dos trabalhos para construir a Constituição de 1988.

Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada

Ao mesmo tempo, Emiliano mostra que a critica à Constituição era o agente para disseminar a ideologia neoliberal. O que não prestava na Constituição só tinha remédio na farmácia dos neoliberais.

O livro é uma extensão da tese de doutorado de Emiliano na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Começa com uma minuciosa analise dos governos brasileiros do regime militar para cá, até Fernando Henrique – o ápice do neoliberalismo e da relação “carnal” entre um presidente de República e o PiG.

“Estão até exagerando”, disse Fernando Henrique ao Mendonção, sobre os editoriais do PiG a favor da privatização dos telefones. (A Bahia de Emiliano sabe no que isso deu. Pegou fogo no computador da Oi, em Salvador e o sistema telefônico entrou em colapso irremediável)

A certa altura, Emiliano conta como o regime militar (o Conversa Afiada prefere não usar a palavra “ditadura”, que, no Brasil, ficou banalizada) destruiu a Ultima Hora de Samuel Wainer, que nasceu nos anos 50 para apoiar Vargas. O Grupo Folha do “seu” Frias a comprou em agosto de 1965. E o próprio Frias comentou com Wainer: “O que eu gostaria de fazer agora era ir até a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e mostrar, numa badeja de prata, a cabeça de Samuel Wainer”.

Emiliano faz, a partir daí, uma analise das noticias do PiG (*) para detonar a Constituição e elevar o neoliberalismo à condição de Evangelho da Salvação Nacional. Sobressai-se nessa tarefa sinistra a ultima flor do Fáscio, a Veja, aqui também chamada de “detrito de maré baixa”.

Aprovada a Constituição, a Veja concluiu: “É preciso rasgá-la e fazer outra”. É o que Emiliano chama de “contexto-catástrofe”: ela exige medidas para “tapar as crateras” aberta pela Constituição. E sai para o pau. Quer dizer: o Golpe. O Golpe do PiG (*).

Emiliano é também deputado federal pelo PT. Será um defensor incansável da Ley de Medios. O que deveria ser o tema de seu próximo (e excelente) livro.

(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.