Sem categoria

FED dá razão aos chineses: yuan forte não é solução para EUA

Uma publicação do Federal Reserve (FED, banco central norte-americano) divulgada nesta quinta-feira (10) reconhece a base dos argumentos dos chineses que afirma que uma alta do yuan teria pouco efeito no deficit comercial americano, tese que nega a versão oficial.

"Os chineses têm razão (…) quando dizem que o enorme deficit comercial dos Estados Unidos deve-se, em primeiro lugar, às decisões americanas entre economia e investimentos, que provavelmente são relativamente insensíveis às mudanças da taxa de câmbio real entre o yuan e o dólar", afirma o artigo do mês de fevereiro 'Tendências Econômicas Internacionais'".

Parasitismo

É o reconhecimento do óbvio. O déficit comercial dos EUA não surgiu no relacionamento comercial com a China. É recorrente pelo menos desde 1971, embora antes resultasse principalmente das transações com Japão e Alemanha.

A causa do problema é mais profunda e interna. Radica no crescente parasitismo imperial, que se traduz numa taxa de poupança “chocante”, nas palavras do economista Josefh Stiglitz, e numa necessidade de financiamento externo escandalosa.

Os EUA culpam a China por razões que não confessam, mas que têm a ver tanto com as pressões da decadente indústria local, que perde mercado interno e externo, quanto com o infeliz propósito de conter a irresistível ascensão da potência asiática, que chegou a ser explicitado pelo ex-presidente Bush. Uma análise isenta da realidade mostra que os argumentos chineses têm maior correspondência com a verdade dos fatos.

Dois discursos

A publicação, divulgada mensalmente por uma das redes regionais do FED, indica claramente que "as opiniões manifestadas" neste artigo não "refletem necessariamente a posição oficial" do FED. Vê-se que o império faz uso de dois discursos, um técnico (mais para consumo interno) e outro político, que não tem nada a ver com ciência.

"Um yuan mais forte beneficiaria no fim das contas os consumidores chineses e os produtores americanos, mas provavelmente teria um efeito fraco sobre o nível global do déficit comercial americano", acrescenta a nota.

Da redação, Umberto Martins, com agências