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Após a renúncia de Mubarak, Egito amanhece em festa

Símbolo da resistência popular que começou em 25 de janeiro e forçou a saída do ex-ditador Hosni Mubarak, a praça Tahrir, no Cairo, ainda abriga milhares de manifestantes. Desde o anúncio da renúncia do ex-ditador o local se transformou no principal ponto das comemorações do povo egípcio. Após uma noite de vigília, na a qual as frases mais ouvidas foram "liberdade" e "viva o Egito, a praça ainda mantém o clima festivo.

No primeiro dia sem Mubarak depois das três décadas que o líder ficou no poder, vários egípcios agitaram a bandeira do país e não ocultaram a felicidade e a esperança pelo começo de uma nova era.

"Bom dia Egito! Eu realmente senti sua falta nos últimos 30 anos", publicou em sua conta no Twitter o egípcio Wael Ghonin, o gerente regional do Google e ativista engajado com as manifestações das últimas semanas no país.

"Estou morrendo de cansaço, mas não posso dormir. No nosso novo Egito, dormir soa como um desperdício de tempo. Devemos aproveitar cada momento de liberdade", escreveu a jornalista Sarah El Sirgany.

O acampamento montado no centro da praça, no qual centenas de manifestantes pernoitam há duas semanas, ainda não havia sido levantado no começo da manhã deste sábado (12).

A intenção é retirar as tendas ainda hoje, mas muitos preferem aguardar para ouvir o próximo comunicado das Forças Armadas, afirmam alguns dos manifestantes.

Mubarak entregou nesta sexta (11) o poder ao Conselho Supremo das Forças Armadas, que pouco depois anunciou que divulgaria em breve as medidas a aplicar e afirmou que "não há alternativa à legitimidade do povo".

À espera destes anúncios e decisões, muitos manifestantes passaram a madrugada limpando o local e retirando as barricadas montadas para se defenderem dos possíveis ataques dos partidários de Mubarak.

Enquanto isso, dezenas de milhares de pessoas, entre elas várias famílias com crianças, celebravam com orgulho o fato de terem conseguido derrubar um dos regimes mais estáveis da região.

Fogos de artifício, gritos, canções e danças, acompanhados pelo contínuo som das buzinas dos carros, foram a tônica durante toda noite.

São Paulo

Em São Paulo, cerca de 100 pessoas fizeram nesta sexta-feira (11), na Avenida Paulista, uma manifestação para comemorar a renúncia do ex-ditador. Estudantes, representantes de partidos políticos e membros da comunidade árabe participaram do ato.

A egípcia Karima Abauzib agitava uma bandeira do seu país durante a manifestação. Segundo ela, o ex-presidente ficou 30 anos na Presidência por causa da índole pacífica da população do Egito. “O povo egípcio é pacífico. Queria que ele saísse numa boa.”

Ainda de acordo com Karima, o desemprego, principalmente entre os mais jovens, foi uma das principais causas da revolta contra o governo de Mubarak. “O jovem egípcio não tem trabalho. O povo já não aguentava mais.”

Para o comerciante palestino Jadallah Safa, a queda de Mubarak deve ter reflexos no mundo árabe. Isso, assinalou, pode contribuir para o reconhecimento do Estado palestino.

Da redação, com informações das agências internacionais