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A trajetória de Marcos Dantas

De 1977 a 1982, Marcos Dantas dirigiu o seu próprio veículo de comunicação, o boletim político-econômico Relatório Reservado, destinado exclusivamente a assinantes, onde buscou construir, às vezes sem clara consciência do que estava fazendo, como reconhece hoje, um projeto baseado numa agenda alternativa à da grande imprensa, o que lhe valeria não poucos dissabores e decepções.

Já então interessava-se pelos temas ligados ao desenvolvimento industrial e tecnológico do país, daí acabar colocando a sua pena (como se dizia em outros tempos) a serviço das lutas para dotar o Brasil de uma indústria de informática tecnologicamente autônoma.
Afastando-se da imprensa e passando a se dedicar a assessorias e consultorias, trabalhou, durante alguns meses dos anos 1980, na Embratel, onde integrou um grupo de estudos e pesquisas que já então discutia a chamada “sociedade da informação”. Foi quando travou contato com os Grundrisse de Marx e começou a pensar o capitalismo atual por uma ótica marxiana renovada, com foco na informação, comunicação e conhecimento.

Na redemocratização, chefiou as áreas de Comunicação da Finep e da Cobra Computadores. Pôde então realizar a pesquisa da qual resultou o seu livro O Crime de Prometeu, sobre a indústria brasileira de computadores, com o qual dá início remoto à sua formação acadêmica. Depois de terminar a graduação numa faculdade particular, conclui, em 1994, a sua dissertação de mestrado pioneira sobre Economia Política da Informação, intitulada Trabalho com informação.

Dos estudos e práticas acumulados nessa época, nasce o seu conhecido livro A lógica do capital-informação. Desde então, tem participado do debate sobre políticas de comunicações, inclusive ajudando, nesse aspecto, a elaborar os programas de Governo do então candidato Lula. Participou na transição de 1992-1993, quando redigiu os tópicos sobre TV digital que, depois, orientariam as decisões do ministro Miro Teixeira, do qual foi secretário de Planejamento, no Ministério das Comunicações.

Em 2004, esteve à frente da Secretaria de Educação a Distância do MEC e, depois de retornar às salas de aula do Departamento de Comunicação Social da PUC, onde estava desde 1998, passou por concurso e leciona, desde 2009, na Graduação e Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ.