Argélia: estado de emergência pode acabar nos próximos dias
O estado de emergência em vigor há 19 anos na Argélia será encerrado dentro de alguns dias, afirmou nesta segunda-feira (14) o ministro de Relações Exteriores do país, Mourad Medelci, que insiste em negar a possibilidade de que os recentesprotestos no país possam levar à queda do atual governo — como aconteceu após as manifestações populares na Tunísia e Egito.
Publicado 14/02/2011 11:59
O estado de emergência foi instituído em 1992 e o governo está sob pressão de grupos de oposição para removê-lo. Os manifestantes afirmaram vão promover protestos semanais até que haja uma mudança de governo.
"Nos próximos dias, falaremos sobre isso (o estado de emergência) como se fosse algo do passado", disse Medelci, em entrevista à rádio francesa Europe 1. "Isso significa que em Argel teremos o retorno da lei que permite completa liberdade de expressão, dentro dos limites da lei", declarou.
Protestos
O ministro tentou reduzir a importância dos protestos afirmando que eles foram organizados por “grupos minoritários e com pouco apoio”. Ao contrário, o que se viu no último sábado (12) nas ruas da capital Argel foi uma grande mobilização contra o presidente Abdelaziz Bouteflika.
Milhares de pessoas desafiaram o estado de emergência e saíram às ruas gritando palavras de ordem contra o presidente e exigindo melhores condições de vida e maior liberdade. Helicópteros, veículos blindados e barreiras foram utilizadas para reprimir os manifestantes. Cerca de 20 mil policiais trabalharam na operação.
A capital da Argélia já havia registrado confrontos entre manifestantes e policiais em janeiro deste ano, em meio a protestos contra o desemprego, os preços dos alimentos e as más condições de moradia.
Concessões
Apesar de minimizar as manifestações, Medelci indicou que o governo pode estar disposto a fazer concessões: “A decisão de mudar o governo depende do presidente, que avaliará a possibilidade, como já fez no passado", disse ele. "A Argélia não é a Tunísia ou o Egito", acrescentou.
Da redação, com informaçoes das agências