Barra do Corda: 'Nenzim' e 'Santinha' vão à PF mas se recusam a falar

Prefeito de Barra do Corda e a primeira-dama do município ficaram calados o tempo todo. Os dois foram beneficiados por uma habeas corpus depois que a Justiça Federal acatou pedido da PF e determinou a prisão deles.

POR OSWALDO VIVIANI
(Jornal Pequeno)

O prefeito de Barra do Corda, Manoel Mariano de Sousa, o “Nenzim” (PV), e sua mulher, Francisca Teles de Sousa, a “Dona Santinha”, compareceram, na tarde de terça-feira, 15, à sede da Polícia Federal em São Luís (Cohama), mas preferiram ficar calados sobre as acusações de desvio de verbas federais (mais de R$ 50 milhões) que pesam sobre eles. O casal – que estava acompanhado de seus advogados – informou à PF que só falará em juízo. A informação foi prestada ao Jornal Pequeno pelo delegado federal Victor Mesquita, que está à frente do caso.
Segundo o delegado, o silêncio do prefeito e da primeira-dama de Barra do Corda não prejudica o trabalho investigativo da PF, pois as provas documentais e testemunhais já reunidas contra os dois são robustas.

“Nosso trabalho mais importante neste momento não é ouvir os depoimentos, e sim analisar todo o material que foi apreendido na operação Astiages, o que vai nos possibilitar desenrolar o novelo desse caso”, disse Victor Mesquita ao JP. A operação Astiages foi deflagrada no último dia 3 e resultou na prisão de nove pessoas – entre elas, um filho e uma filha de “Nenzim”. O prefeito, sua mulher e um lobista – João Batista Magalhães – também tiveram as prisões decretadas, mas não foram encontrados pela polícia. No dia 6, a Justiça concedeu habeas corpus ao grupo de detidos, extensivo ao trio de foragidos.
João Batista Magalhães, que seria ex-assessor do vice-governador do Maranhão, Washington Luiz Oliveira (PT), será intimado a depor na PF nos próximos dias. O JP apurou que ele também pretende ficar calado diante do delegado Victor Mesquita.
Outro que será intimado é o deputado Rigo Teles (PV), filho de Nenzim. Segundo o delegado Victor Mesquita, o parlamentar não era alvo da operação Astiages, mas passou a ser assim que a PF descobriu que alguns dos bens apreendidos no dia 3 estão ou estiveram em nome de “laranjas” ligados a Rigo Teles.
Teles deu entrevista ao JP afirmando que um avião bimotor apreendido na Astiages está em seu nome. No entanto, o deputado informou que o avião foi comprado, em janeiro de 2010, de Moacir Mariano da Silva – apontado pela PF como “laranja”. Ele foi um dos nove presos no dia 3.
“O avião pode não estar hoje em nome de um ‘laranja’, mas já esteve, conforme o próprio deputado admitiu ao Jornal Pequeno”, afirmou o delegado Mesquita.
Outro bem apreendido pela PF na Astiages – um helicóptero – estaria em nome da empresa de uma “filha de criação” de Rigo Teles, Nakyoane Cunha.