Por mínimo de R$ 545, governo ameaça demitir ministro do PDT
O governo montou uma operação na Câmara para garantir, nesta quarta-feira, a aprovação do salário mínimo de R$ 545 e reduzir ao máximo as dissidências na base. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pode perder o cargo, caso o PDT mantenha a disposição de votar por um mínimo de R$560.
Publicado 16/02/2011 12:03
Os líderes da base aliada estão confiantes na vitória dos R$ 545 com cerca de 300 votos e esperam uma dissidência de 76 votos, segundo cruzamento realizado nesta terça-feira. Na avaliação tanto de apoiadores de Dilma quanto de oposicionistas, o mínimo de R$ 560 deverá contar com o apoio de 150 a 180 deputados. "A situação do governo é confortável", crê o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP).
A presidente Dilma Rousseff decidiu jogar pesado com os aliados para evitar um eventual processo de rebelião na base a favor do mínimo de R$ 560. Vaccarezza reuniu os líderes num almoço na casa do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), para baixar a ordem unida na votação: o governo manterá os R$ 545 até o fim, sem dar um real sequer a mais para o mínimo.
"O governo não pode fraquejar nem dar sinais que pode dar mais que os R$ 545. Se abrir a porteira, não tem como segurar: é o estouro da boiada e vai todo mundo junto para os R$ 560", resumiu o deputado Hugo Leal (PSC-RJ).
Para o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) o governo tem todas as condições de manter suas propostas sem tom de ameaça. “O governo tem maioria no Congresso, não precisa chegar a esse ponto”, lamentou. De acordo com Giovane Queiroz (PDT- PA), a ameaça não tem cabimento. “Ora, somos da base aliada ao governo, somos conscientes do nosso compromisso com o povo brasileiro. O que queremos é sugerir ao executivo uma opção melhor para a população”.
O deputado disse ainda que a votação deverá ser liberada. Cada parlamentar da bancada poderá votar como achar melhor. A base está preparada para fazer cobranças em troca da fidelidade ao Palácio do Planalto. Peemedebistas alardeavam que esperam apenas a votação do mínimo para cobrar de Dilma a demissão de Lupi. "Se ela não demitir, ela não poderá cobrar mais nada de ninguém", disse um peemedebista. O partido vai usar a votação como um argumento para conquistar novas nomeações no governo Dilma.
"Se o PDT votar pelos R$ 560, o Lupi vai voltar a vender jornal", brincou o deputado Sílvio Costa (PTB-PE). Antes de entrar na política, Lupi era dono de banca de jornal no Rio de Janeiro. Outro pedetista que corre o risco de ficar fora do governo é o ex-senador Osmar Dias (PR), que pleiteia um cargo numa estatal de energia (Itaipu ou Eletrosul).
O PDT é o único partido da base que promete votar unido contra o valor do governo. O deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, declarou defender R$ 560. A estratégia dele é tentar fortalecer esse valor que conta com o apoio do DEM, do PDT e do PV.
Para tentar reverter o voto de Paulinho e o apoio da Força Sindical, o ministro da secretaria geral da Presidência, Gilberto Carvalho, propôs a aprovação do mínimo de R$ 545 em troca da correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física. A própria presidente também se reuniu com Lupi para exigir a fidelidade da bancada de 27 deputados na Câmara.
O PSDB, o DEM e o PPS não esperam defecções a favor do governo na votação de hoje. As eventuais dissidências devem ser computadas nas ausências dos deputados e não nos votos a favor do governo. O PV se declara independente e anuncia que vai votar pelo mínimo de R$ 560.
Com apenas três deputados, o PSOL promete apresentar emenda defendendo o mínimo de R$ 700. No PT, a expectativa é de que apenas o deputado Eudes Xavier (CE) vote contra o governo. Além disso, a bancada terá ainda as ausências garantidas de pelo menos quatro deputados. No PMDB, as dissidências deverão ficar limitadas a 17 deputados.
Da Redação, com informações da Agência Estado