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SP: Estudantes acorrentados deixam prefeitura após repressão

Terminou por volta das 23h30 desta quinta-feira o protesto em que seis estudantes se acorrentaram dentro do prédio da Prefeitura de São Paulo contra o aumento da tarifa de ônibus. Eles ficaram mais de dez horas no prédio, após ficarem presos às catracas que dão acesso aos elevadores do edifício, no centro da cidade. Houve repressão.

- Douglas Belome/MPL

De acordo com manifestantes, os estudantes tentaram sair mais cedo, mas a Polícia Militar (PM) exigiu que eles se identificassem antes de liberar as portas da prefeitura, bloqueadas desde o início do protesto.

Ao sair, os seis estudantes –quatro garotas e dois garotos– foram aplaudidos pelos colegas que acompanhavam a manifestação no lado externo da prefeitura. Além do Movimento pelo Passe Livre (MPL), que vem organizando as mobilizações desde o ano passado, diversas entidades do movimento estudantil paulista participaram do ato, inclusive diretores da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), que se incorporaram ao comando de mobilização em fevereiro.

Um dos acorrentados, o estudante de direito Guilherme Monaco, 21, se disse frustrado por não ter conseguido debater o preço da tarifa, mas afirmou que "faria tudo de novo". "Uso pouco o transporte público, porque tenho carro, mas participo [do movimento] por ideologia".

A passagem de ônibus subiu de R$ 2,70 para R$ 3 em janeiro –um aumento de 11%.

Os estudantes queimaram a réplica de uma catraca de ônibus em frente à prefeitura. (Foto: Luis Blanco/AE).

Repressão

Por volta das 17 horas, manifestantes começaram a se aglomerar em frente à prefeitura, onde foram montados bloqueios pela Guarda Civil Metropolitana e pela Polícia Militar. De acordo com estimativa da PM, cerca de 400 pessoas participaram. Integrantes do ato afirmam que havia pelo menos mil na passeata.

A tropa de choque foi acionada e houve confronto: os estudantes lançaram rojões e sacos de lixo em direção aos policiais, que usaram spray de pimenta e balas de borracha. A PM não informou quantas pessoas ficaram feridas, apenas que um policial teve ferimentos leves. Diversos estudantes, porém, disseram ter sido atingidos por balas de borracha. A réplica de uma catraca de ônibus foi queimada em frente ao bloqueio.

Reunião

O protesto ocorreu após o uma reunião na secretaria de Transportes, que estava marcada para ocorrer de manhã, na zona norte da cidade. Segundo os estudantes, o secretário adjunto, Pedro Luiz de Brito Machado, não compareceu, fazendo com que não houvesse na reunião "autoridade suficiente para tomar a decisão", avaliou Pedro Lopes, integrante do MPL. Eles seguiram, então, até a secretaria, onde foram recebidos, mas novamente não havia quem pudesse debater nova alteração no valor da passagem. 

Após a reunião, os estudantes foram até o prédio da prefeitura e se acorrentaram nas catracas do térreo. Policiais e guardas civis cercaram o grupo e, com o tumulto, as portas da prefeitura foram fechadas.

Os vereadores Juliana Cardoso, Antônio Donato e José Américo (todos do PT), que estavam no saguão, disseram estar lá "para garantir que nada ocorra com os estudantes". Juliana tentou evitar o confronto com a polícia e também acabou atingida.

Segundo colegas, os seis estudantes não se soltaram nem para ir ao banheiro, e usaram um balde para fazer as necessidades.

Após tanto cerco à manifestação, as duas grandes vitórias da ação desta quinta-feira (17) foram: garantir que nenhum estudante tenha saído preso e manter vivas as mobilizações pela redução do valor da passagem. Os atos tendem a continuar nas próximas smenas, sempre às quintas-feiras.

Da redação, Luana Bonone, com informações da Agência de Notícias Jornal Floripa