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Instabilidade no OM desperta fantasma de nova crise do petróleo

A rebelião democrática que abala a ordem imperialista no Oriente Médio promete adicionar um novo tempero no crítico estado da economia capitalista mundial: a alta do preço do petróleo, que subiu 1,75% nesta segunda-feira (21), atingindo US$ 104,57 (tipo Brent), maior valor desde o início da recessão em 2008.

A alta foi atribuída à explosiva situação da Líbia, onde o ditador Muamar Khadafi decidiu redobrar a aposta na repressão contra os oposicionistas, radicalizando o movimento. O país produz 2% do petróleo extraído no mundo, mas responde por 10% do mercado europeu. A Itália é sua maior compradora.

O preço do petróleo explodiu no primeiro semestre de 2008, chegando a ultrapassar US$ 140 dólares o barril no final de junho daquele ano. Mas recuou sensivelmente em função do agravamento da crise financeira e a breve recuperação do valor do dólar no segundo semestre. Com a recuperação da economia chinesa e o declínio da moeda americana os preços do combustível, assim como de outras commodities, voltaram a subir a partir de 2009.

O petróleo líbio

A atividade petrolífera, comandada pelas multinacionais, é fundamental para a economia líbia, representando 95% de suas exportações e 25% de seu Produto Interno Bruto (PIB). A britânica BP anunciou sua intenção de evacuar parte de seus 140 funcionários no país. Paralelamente, as ações da petrolífera italiana ENI, que também atua na Líbia, caíram 3,2%.

Segundo relatos, uma greve de funcionários fechou o campo de Nafoora, operado por uma subsidiária da petrolífera estatal líbia.

Um porta-voz da BP disse que a empresa britânica estava monitorando a situação na Líbia e "fazendo os preparativos para evacuar algumas das famílias, e alguns funcionários não essenciais nos próximos dois dias". Só 40 dos seus funcionários na Líbia são expatriados.

A empresa já interrompeu suas operações em campos onshore (sobre a terra), embora os campos ainda estejam em fase preparatória, sem produzir petróleo. A BP diz que outros campos offshore explorados pela companhia não foram afetados.

A Turquia diz ter recebido 3 mil pedidos de seus cidadãos na Líbia para serem resgatados de avião. O primeiro avião turco foi enviado a Benghazi, epicentro da revolta, no domingo.

Irã, Arábia Saudita e Baherein

Os mercados de commodities não estão preocupados só com a Líbia, mas também com a ameaça de crescentes tensões no Irã, o segundo maior produtor petrolífero da Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo).

Há ainda temores de que o maior produtor da Opep, a Arábia Saudita, sucumba à instabilidade, embora o regime saudita ainda não tenha enfrentado protestos. Apesar dos eventos recentes no Oriente Médio, o fornecimento de petróleo ainda não foi interrompido.

Outro país afetado por distúrbios no Oriente Médio, o Bahrein teve sua nota de crédito rebaixada nesta segunda-feira pela agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P).

A S&P reduziu em um nível a nota da dívida soberana do Bahrein, de "A-" para "A-2", e alertou que poderia baixá-la ainda mais, caso os protestos contra o governo bareinita se intensifiquem.

Na quinta-feira, a agência Fitch anunciou que poderia rebaixar as notas dos papéis de longo prazo do governo do Bahrein.

Da Redação, com agências