MPF busca restos mortais de vítimas da ditadura em São Paulo

Objetivo é encontrar o corpo de militante morto em 1969

Serão retomadas na tarde desta segunda-feira, no cemitério de Vila Formosa, na zona leste de São Paulo, as buscas pelos restos mortais dos desaparecidos na época da ditadura militar, segundo informações do Ministério Público Federal (MPF). O principal objetivo é tentar encontrar o corpo do militante Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, morto pela ditadura em 1969.

A equipe é formada pelo MPF, peritos do Instituto Nacional de Criminalística, da Polícia Federal e profissionais e consultores da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Entre 29 de novembro e 3 de dezembro, a equipe, que também é composta pelo Instituto Médico Legal de São Paulo e tem apoio do Serviço Funerário da capital paulista, realizou buscas em duas áreas do cemitério de Vila Formosa.

Na ocasião, sob um canteiro onde antes havia um letreiro com o nome do cemitério, foi encontrado um ossário clandestino de 2,8m por 2,8m. No local foram achadas centenas de ossadas ensacadas e, numa profundidade de mais de 3m, uma camada de cerca de 50cm de altura contendo ossos soltos, misturados e fragmentados.

Na atual quadra 47 do cemitério, provável numeração da antiga quadra 50, foram feitas inspeções para tentar definir a exata localização das sepulturas dos militantes políticos Virgílio Gomes da Silva e Sérgio Correa. O trabalho de localização foi realizado mediante análise de fotos do cemitério nos anos de 1968 e 1972, pesquisas de solo com radares, revisão de livros de registros de sepultamentos e depoimentos.

A comparação foi necessária pois, em 1975, o cemitério passou por uma "remodelação", na qual foram suprimidas várias sepulturas. Esse remanejamento teria ocorrido com perda de restos mortais, exumações irregulares e sem registros nos livros.

A procuradora da República Eugênia Augusta Gonzaga e o procurador regional Marlon Alberto Weichert, responsáveis pelo caso, defendem que em Vila Formosa seja erguido um memorial em homenagem às vítimas desaparecidas do regime militar, bem como aos milhares de desconhecidos cujas sepulturas foram violadas pelas alterações ilegais ocorridas no cemitério.

Da redação, com informações de agências