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CTB lança nota contra Adin da oposição à lei do salário mínimo

A oposição deverá protocolar, no máximo até terça-feira (1º), uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a lei, publicada nesta segunda-feira (28) no Diário Oficial, que define a política de valorização do salário mínimo até 2015. Em nota lançada também nesta segunda-feira (28), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) ressalta o apoio das centrais à política de valorização do salário mínimo, embora mantenham uma opinião crítica ao reajuste aprovado em 2011. 

A Lei de Valorização do Salário Mínimo consolida um acordo fechado pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com as centrais sindicais em 2007.

Em conjunto, PSDB, DEM, PPS e PV querem derrubar o artigo 3º da lei, que diz que o Executivo irá fixar, por decreto, o valor do piso nos próximos quatro anos. Os partidos dizem que a regra vai contra a Constituição, que manda que o valor seja definido por lei. 

A diferença é que o decreto não passa pela análise e eventuais mudanças no Congresso. É feito pela presidente e já passa a valer imediatamente. A questão gerou polêmica na votação da lei no Congresso nas duas últimas semanas, mas a oposição não teve força para mudá-la.

Adin contra o salário

Para contestar a lei no STF, a oposição deve apresentar uma ação conhecida por Adin (ação direta de inconstitucionalidade), que já está pronta. Deverão assinar o papel os presidentes dos quatro partidos: Roberto Freire (PPS-SP), Sérgio Guerra (PSDB-PE), Rodrigo Maia (DEM-RJ) e José Luiz Pena (PV-RJ).

O PSOL, que tem posição independente, ainda estudava assinar, mas não havia se definido. O objetivo era que as assinaturas fossem colhidas ainda hoje, mas como vários deles ainda estão voltando a Brasília, é provável que o documento esteja pronto para ser entregue só amanhã.

A nota da CTB argumenta que o salário mínimo atinge 47 milhões de brasileiros e que a política de valorização do índice foi um dos fatores responsáveis pelo desempenho da economia nacional perante a crise do sistema capitalista de 2008/2009. "A CTB reafirma que o reajuste do mínimo para R$ 545,00 em 2011 foi uma medida infeliz do atual governo, mas considera que a Adin das forças de direita, caso aceita pela Justiça, poderá representar um grave risco para a economia brasileira, para o projeto de desenvolvimento do país e para a continuidade da política de valorização do salário mínimo", defende a central.

Julgamento em março

No Supremo, a expectativa é que a questão seja julgada ainda em março, mas somente após a posse do 11º membro da Corte, Luiz Fux.

A questão é polêmica: o governo argumenta que o decreto irá apenas formalizar o índice de reajuste, que já está definido por lei. A oposição diz que, independentemente da política de valorização, o valor deve ser fechado no Congresso.

Segundo a mesma lei, publicada hoje, o índice do aumento será definido pela soma da inflação oficial do ano anterior com o crescimento da economia de dois anos antes.

Confira a íntegra da nota da CTB:

"A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) vem a público para reafirmar seu apoio à política de valorização do salário mínimo acordada em 2006 entre as centrais sindicais e o governo Lula, cujo formato veio a ser ratificado pelo Congresso Nacional na última semana e sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, conforme consta do Diário Oficial desta segunda-feira (28).

A despeito do reajuste pífio registrado para o ano de 2011, a CTB entende que seria um retrocesso qualquer mudança na fórmula que será usada para definir o salário mínimo entre os anos de 2012 e 2015, conforme sinalizam membros da oposição derrotada nas últimas eleições que pretendem entrar na Justiça – com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) – para questionar o acordo entre as centrais e o governo.

O salário mínimo é um benefício que atinge diretamente cerca de 47 milhões de brasileiros. Ao lado de políticas sociais como o Bolsa Família, foi um dos grandes responsáveis pelo desempenho da economia perante a crise econômica que afetou o mundo nos últimos anos.

A CTB reafirma que o reajuste do mínimo para R$ 545,00 em 2011 foi uma medida infeliz do atual governo, mas considera que a Adin das forças de direita, caso aceita pela Justiça, poderá representar um grave risco para a economia brasileira, para o projeto de desenvolvimento do país e para a continuidade da política de valorização do salário mínimo.

Para a CTB, é preciso que a classe trabalhadora atue em duas frentes neste momento: em um flanco, faz-se necessário impedir o retrocesso articulado pelos partidos conservadores; no outro, é preciso dialogar com o governo e os parlamentares para que a política de valorização do salário mínimo seja estendida até 2023, conforme determinava o projeto inicial acordado com o presidente Lula.

As centrais sindicais têm a responsabilidade de defender essa conquista obtida durante o governo Lula. A CTB não aceita qualquer tipo de retrocesso no que se refere à valorização do salário mínimo, especialmente a partir de iniciativas de partidos como o DEM, cuja história sempre esteve na direção oposta dos anseios da classe trabalhadora.

São Paulo, 28 de fevereiro de 2011.
Wagner Gomes
Presidente Nacional da CTB"

Da redação, Luana Bonone, com R7 e CTB