Reforma política: comissão busca consenso para muitas propostas
A Câmara instalou, nesta terça-feira (1º), a comissão especial destinada a apresentar propostas para a reforma política. As discussões e polêmicas que giram em torno do assunto, os parlamentares acreditam em consenso e aprovação do projeto este ano. Existem mais de 100 propostas sobre o tema em tramitação na Casa. O presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), conclamou a sociedade a participar do debate feito no parlamento.
Publicado 01/03/2011 17:18
Maia destacou que se não houver pressão popular em favor da reforma política, como houve na votação do projeto Ficha Limpa, “talvez não seja possível chegar a um consenso para uma reforma verdadeira”. A Lei da Ficha Limpa, que impõe normas mais rígidas para o registro de candidaturas, surgiu de iniciativa popular amparada por cerca de 1,3 milhão de assinaturas.
Ele disse ainda que “é preciso que a população, por meio das organizações e dos movimentos sociais mais engajados nessa luta, se aproprie efetivamente dos termos do debate em toda a sua complexidade”.
A comissão da Câmara vai trabalhar paralelamente à comissão instalada no Senado para tratar do tema. “Mas deveremos chegar a um consenso para votar um texto único, resultado dos trabalhos das duas Casas”, disse Maia.
Missão principal
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), confirmou as palavras de Maia. Segundo ele, há sintonia entre os presidentes da Câmara e do Senado e que este tema será trabalhado conjuntamente. Para ele, a reforma política é a principal missão do Congresso nesta legislatura.
“Vamos fazer uma proposta de acordo entre Câmara e Senado, de modo a aprovarmos com maior rapidez”, disse Sarney. Embora haja divergências quanto a alguns pontos, Sarney acredita que seja possível chegar a um consenso e aprovar ainda neste ano o projeto de reforma política.
Na avaliação do presidente da Câmara, a proposta precisa enfocar o essencial. “Precisamos ser práticos. As discussões sobre a reforma política são difíceis, pois implicam um diálogo com interesses locais, regionais e setoriais, sendo necessária a construção de acordos”, ressaltou Marco Maia.
O vice-presidente da República, Michel Temer, presente ao evento, disse que os partidos políticos precisam fazer discussões internas e chegar a uma posição. “Nas outras oportunidades em que a reforma foi discutida, havia quase uma reforma para cada deputado. É preciso trazer para o Plenário um consenso”, afirmou.
E sugeriu que as discussões não demorem muito e que o tempo das comissões seja gasto com negociações. “Já conhecemos muito bem os sistemas que se apresentam. É preciso escolher o melhor”, disse.
O líder do PCdoB na Câmara, deputado Osmar Júnior (PI), diz que o seu partido já tem opinião sobre o melhor modelo de reforma política, que deve ocorrer a partir de três pilares principais: o primeiro pilar é a garantia da ampla liberdade de organização partidária; o segundo elemento estruturador é o financiamento público de campanhas; e o terceiro aspecto central da reforma proposta pelo PCdoB é a adoção do voto em lista fechada.
Estiveram presentes à instalação da comissão especial, além dos presidentes da Câmara e do Senado e do vice-presidente da República; o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; o vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ayres Brito, e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Ricardo Lewandowski.
A Comissão Especial da Reforma Política, que terá 180 dias para analisar todas as propostas em tramitação na Câmara sobre o tema e oferecer um projeto de consenso para ser votado pelo Plenário, é formada por 41 deputados. A primeira reunião está marcada para esta quarta-feira (2), quando serão escolhidos presidente, vices e será nomeado o relator. O PMDB indicou o deputado Almeida Lima (PMDB-SE) para presidência e a relatoria ficou com o PT, que indicou o deputado Henrique Fontana (RS).
De Brasília
Com agências
Matéria alterada às 19h47min para acréscimo de informações