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Kadafi convida comunidade internacional para ver realidade líbia

O líder líbio Muamar Kadafi pediu nesta quarta-feira (2) às potências mundiais que criem uma comissão de investigação e a enviem para a Líbia, para constatar que os supostos civis mortos nas revoltas eram efetivos policiais em cumprimento do dever.

"Conclamo a comunidade internacional a formar uma comissão de verificação, para que venha e veja que aqueles que foram mortos eram homens em defesa de suas posições", sublinhou Kadafi em seu terceiro discurso na televisão estatal desde o início das revoltas no país do norte da África.

O chefe do governo falou em um ato comemorativo do 34º aniversário da criação dos comitês populares, uma estrutura chave dentro do esquema de democracia da revolução popular, instaurada na Líbia desde 1969, após a derrubada do rei Idris I.

Sobre isso, Kadafi insistiu que a Líbia está disposta a abrir suas portas para uma investigação internacional, tanto da ONU como da Organização da Conferência Islâmica ou até da Otan.

Conspiração pelo petróleo

O dirigente acusou mídia e governos estrangeiros de mentir deliberadamente sobre a realidade de seu país e negou que exista uma revolta popular pacífica contra si, para de imediato voltar a culpar a instabilidade aos "terroristas da al-Qaida".

"As mídias ampliam e desvirtuam a realidade, não há manifestações pacífica, o que há é uma conspiração para controlar o petróleo, o território líbio, centímetro por centímetro", denunciou, ao apontar que no próprio discurso do Ocidente há contradição.

Se houvesse protestos pacíficos, por que os estrangeiros estão deixando a Líbia, também os empregados das empresas petrolíferas, algumas embaixadas estão retirando seu pessoal, e por que milhares de trabalhadores estrangeiros foram embora?", perguntou.

"É uma prova viva de que os opositores são bandos armados, é um ato terrorista da al-Qaida", prosseguiu o líder líbio, afirmando em seguida que, em Benghazi, Derna ou al-Bayda, no oriente do país, a rebelião foi iniciada por "células adormecidas", que tomaram armas e delegacias de polícia.

Criminosos comuns

Kadafi explicou que os insubordinados libertaram terroristas e os alistaram em seus destacamentos armados. "Esses aí são criminosos, não prisioneiros políticos. Não há prisioneiros políticos na Líbia", agregou.

Segundo ele, as forças regulares e seu governo "tiveram de destruir arsenais para impedir que caíssem em mãos de terroristas", mas foi categórico ao negar que tenha ordenado disparar contra a população civil.

Também afirmou que não tem dinheiro ou contas bancárias no exterior, nem palácios ou até o cargo de presidente, pelo qual não pode renunciar, nem sequer tem um parlamento, que possa dissolver.

"O sistema líbio é do povo e ninguém pode ir contra a autoridade do povo. O povo é livre para escolher a autoridade que considere forte", afirmou, deplorando em seguida que "o mundo não entende" tal modelo de democracia direta, detalhado no Livro Verde da revolução, de 1977.

Convite ao Brasil

Segundo informou o embaixador brasileiro na Líbia,George Fernandes, Kadafi convidou o Brasil, a União Africana (UA) e os países da conferência islâmica a assumir o papel de observadores da crise política no país. O diplomata participou de um encontro promovido pela cúpula do regime de Kadafi, transmitido pela TV estatal.

Com informações da Prensa Latina e agências