EUA vão forçar o máximo possível a renúncia de Kadafi
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Susan Rice, disse nesta terça-feira (1º/3) que seu país vai manter a pressão política e financeira sobre o líder líbio, Muamar Kadafi, até que ele renuncie. Rice deu uma série de entrevistas a emissoras de TV dos EUA falando especificamente sobre a Líbia.
Publicado 01/03/2011 12:09
"Vamos manter a pressão sobre Kadafi até que ele deixe o poder e permita que o povo líbio se expresse livremente e determine seu futuro", declarou Rice ao programa Good Morning America, da rede ABC.
A ingerência nos assuntos internos do país do norte da África não parou por aí, já que se cogita em prestar ajuda material para as forças oposicionistas, que se aproveitaram do descontentamento popular para incitar a guerra civil.
A embaixadora revelou em seu discurso que os orgãos de espionagem americanos já devem estar trabalhando frenéticamente no norte da África para o desmontagem do atual regime e a implantação de uma "democracia" pró-americana: "Estamos buscando o diálogo com todos os campos da sociedade líbia", disse ela.
"Mas, para ser franca, ainda não se aglutinou uma oposição claramente unificada, por isso é prematuro nesta fase falar sobre reconhecimento ou concessão de material de apoio para tal oposição", tergiversou.
Confusão na ONU
Informações confusas dominam o panorama da Líbia nesta terça-feira e entre condenações e chamados a soluções sem ingerências, os Estados Unidos aproveitam o cenário de Genebra para impulsionar seus planos militares.
O segundo dia da reunião de alto nível do Conselho de Direitos Humanos (CDH) das Nações Unidas começou com uma intervenção diferente do vice-primeiro ministro e chanceler de Luxemburgo, Jean Asselborn.
O representante luxemburguês distanciou-se ligeiramente de seus predecessores europeus ao comparar os problemas na Líbia e outros países árabes com o drama dos palestinos, a necessidade de criar um Estado para esse povo e as violações dos direitos humanos de Israel.
Na segunda-feira, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton destilou em Genebra a ideia de que Washington tem abertas "todas as opções" com respeito à Líbia, em alusão indireta ao uso de forças militares.
Depois foi mais específica em um encontro com a imprensa, ao falar de sua reunião em Genebra com vários colegas europeus e com a Alta Representante de Relações Exteriores, Catherine Ashton, com a qual abordou o assunto.
Ação planejada
"A zona de exclusão aérea é uma opção que estamos considerando atualmente, e que estamos considerando junto a nossos aliados. Continuaremos analisando-a. Todas as opções estão sobre a mesa", ameaçou.
Como se se tratasse de uma ação planejada, horas mais tarde a direção da Otan admitiu que está pronta para colocar em prática os planos aprovados por seus integrantes em torno de Líbia e o Pentágono começou a mobilizar seus dispositivos.
Segundo autoridades dos Estados Unidos, o regime americano deu ordens de deslocamento a suas forças navais e aéreas para as proximidades do país norte-africano.
Ao mesmo tempo em que Washington e seus satélites europeus faziam coro exigindo a derrubada do líder líbio Muamar Al Kadafi e repudiar "os massacres do povo da Líbia", outras vozes levantaram-se com dúvidas e ceticismo.
O experiente diplomata e ex-chanceler da Nicarágua Miguel D'Escoto, disse em um comunicado que não concorda com as tendências que marcam a pauta sobre a Líbia no CDH em Genebra e dentro da ONU em geral.
"Como membro do Comitê Assessor do Conselho de Direitos Humanos me sento muito incomodado pelas precipitadas declarações e recomendações inusitadas no grande show que o Conselho acaba de concluir(…) contra a Líbia", declarou D'Escoto.
Da redação, com informações da Prensa Latina e agências