Rebeldes líbios pedem que ONU autorize intervenção militar
Os rebeldes que se sublevaram contra a liderança de Muamar Kadafi, na Líbia, pediram nesta quarta-feira (2) que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) autorize uma ação militar contra as forças armadas leais ao governo da Líbia. Embora rejeitem uma provável invasão, querem que a Otan restrinja os voos da aviação militar líbia sobre o país.
Publicado 02/03/2011 17:57
Segundo o porta-voz do grupo, Adbelhafiz Hoga, os rebeldes querem um ataque aéreo estrangeiro mas não uma invasão terrestre. O pedido dos rebeldes tem um tom de apelo, pois não foi apresentado formalmente às Nações Unidas.
O porta-voz pediu o reconhecimento, pela ONU, do conselho, instaurado com base em Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia e local das maiores reservas petrolíferas do país. Ele pediu ainda que a ONU não reconheça os representantes diplomáticos líbios que estão no exterior.
Segundo Hoga, o conselho da oposição é formado por 30 integrantes que representam todas as regiões da Líbia, incluindo cinco jovens, que participaram das manifestações que começaram no último dia 15.
Uma eventual intervenção internacional na Líbia divide posições na ONU em decorrência das consequências que a decisão venha a provocar nos países muçulmanos. O assunto é tema da reunião dos 28 países que integram o Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan). A intenção revelada é a criar uma zona de exclusão aérea.
Repúdio à intervenção
De Teerã, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad condenou a provável adoção de uma intervenção militar na Líbia ou em qualquer país do norte da África e do Oriente Médio. Para o presidente do Irã, a administração estadunidense de Barack Obama incentiva a comunidade internacional a intervir na região. Segundo ele, se isso ocorrer haverá mortes.
“Todos devem saber que todas as nações da região vão se levantar e cavar sepulturas para os soldados invasores", disse Ahmadinejad, em viagem à província iraniana de Khorramabad.
Ahmadinejad afirmou que a defesa de intervenção nos países muçulmanos pode provocar o ódio da comunidade internacional. "Ninguém acredita que vocês estão defendendo os direitos humanos", disse o presidente iraniano, dirigindo-se diretamente aos norte-americanos.
Para Ahmadinejad, as manifestações na região são uma reação aos Estados Unidos. Segundo ele, Obama e seus aliados são os pilares de apoio dos ditadores. Para o iraniano, os interesses que movem as reações contra os governos são econômicos.
Reino Unido volta atrás
O Reino Unido voltou atrás em sua proposta de criar, pela Otan, uma zona de controle aéreo e naval exclusiva próxima à Líbia, para eventuais operações de "intervenção rápida" no país.
O premiê David Cameron se retratou na Câmara dos Comuns (parlamento local) por sua sugestão de impor uma zona de proibição de voos diante da costa líbia e de propiciar o rearmamento dos grupos opositores ao líder Muamar Kadafi.
Com tom moderado, o líder do Partido Conservador disse aos deputados nesta quarta-feira (2) que seu governo deveria entabular contatos com as forças de oposição no país africano.
Violência
O argentino Luis Moreno-Ocampo, promotor do Tribunal Penal Internacional (TPI), revelou nesta quarta-feira que o organismo investigará a suposta violência na Líbia, depois de o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) ter encaminhado o caso para a corte de crimes de guerra sediada em Haia.
"Seguindo um exame preliminar das informações disponíveis, o promotor chegou à conclusão de que uma investigação é justificada", disse o promotor em um comunicado.
A corte tem competência para julgar os responsáveis por crimes de guerra, genocídios e crimes contra a humanidade quando os tribunais nacionais não puderem ou não quiserem processar os criminosos. Sete nações votaram contra o projeto (EUA, China, Israel, Iêmen, Iraque, Líbia e Catar) e outras vinte e uma se abstiveram.
Com agências