Frederico F. Farias: Monarquistas tentam restauração na Líbia

Num curto artigo, sem maiores pretenções, o analista internacional Frederico Fontenele Farias fala sobre a movimentação dos monaquistas líbios para restaurar o regime fantoche das petroleiras e resgata as investidas monarquistas nas últimas décadas.

Rei Ídris I

 Na rebelião das massas na Líbia desde o dia 13 de fevereiro passado, existe mobilização entre os monarquistas para o regime coroado ser restaurado no país norte-africano. Desde a independência em 1951, a Líbia só teve um rei, Idris I (1890-1983), derrubado em 1969 pela revolução liderada por Muamar Kadhafi, à ocasião com 27 anos de idade. Entre os erros do soberano destronado, morto exilado no Cairo, foi conivente com as chamadas Sete Irmãs, principais companhias petrolíferas mundiais, quando tomaram conta do lençol de ouro negro do país, bombeando para o estrangeiro barris do hidrocarboneto até gratuitamente, a título de reparações com a infraestrutura de poços e refinarias.

No exílio de Londres, o sobrinho-neto de Idris, Mohammed al-Senussi, de 48 anos, aclamado à distância príncipe-herdeiro pelos adeptos dele, move os pauzinhos, esperando ser chamado a qualquer momento pelo Destino. Entretanto, nenhuma nação africana onde realeza foi expulsa e substituída por república, essa, determinadas vezes, muito mais tirânica do que o regime anterior, reutilizou os respectivos tronos.

A partir de 1945, assim como Idris, reviravoltas defenestraram no Continente Negro o rei Faruk I, do Egito, em 1952; o sultão Jamshid bin Abdullah, de Zanzibar, em 1964; o rei Ntare V, do Burundi, em 1966; além do imperador Hailé Selassié, da Etiópia, em 1974. Em 1971 e 1972, houve duas tentativas de golpe palaciano-militar contra Hassan II de Marrocos. A vingança do soberano pelas traições acabou sendo implacável.

Mesmo que o sanguinário coronel Mengistu Hailé Mariam, o Kadhafi etíope, tenha sido enxotado em 1991 por uma guerra civil, a república proclamada em 1974 foi mantida pelos vitoriosos. Apesar de Selassié ser reabilitado historicamente no novo regime, além de a família dele se tornar os Orleans e Bragança da ex-Abissínia. Na África, só restam hoje coroados Mohammed VI de Marrocos, Mswati III da Suazilândia e Letsie III de Lesoto. Em termos intercontinentais, apenas duas restaurações coroadas foram viabilizadas de 66 anos para cá: as de Juan Carlos I na Espanha, em 1975; e de Norodom Sihanouk, no Camboja, em 1993; sucedido pelo filho Norodom Sihamoni, em 2004.

Fonte: O POVO    

Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do Portal Vermelho.