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Kadafi vaticina "luta intensa" caso voos na Líbia sejam restritos

O povo protagonizará uma intensa luta contra o Ocidente se os voos no espaço aéreo na Líbia forem restritos, vaticinou nesta quarta-feira (9) o líder Muamar Kadafi, ao afirmar que tal medida somente confirmará as ambições sobre o petróleo do país.

"Caso adotem essa decisão (de impor uma zona de exclusão aérea), será útil para a Líbia, porque o povo verá a verdade, que o que desejam (as potências mundiais) é controlar o país e roubar seu petróleo", declarou Kadafi.

Em uma entrevista concedida em árabe à emissora turca de televisão TRT e da qual a televisão estatal líbia reproduziu vários fragmentos, o presidente sublinhou que seus apoiadores "tomarão as armas contra eles", em alusão aos militares estadunidenses e de países europeus.

Kadafi acusou os Estados Unidos, que mobilizam há vários dias barcos militares no mar do Mediterrâneo, a França e o Reino Unido de ingerência nos assuntos internos do país, com apoio a rebeldes que tentam derrubá-lo.

Essas e outras declarações foram dadas no mesmo dia à televisão estatal líbia, a partir do povoado de Zentan. Nelas, Kadafi denunciou que elementos do Afeganistão, Argélia, Egito e dos territórios palestinos participam nas ações armadas anti-governamentais.

Enquanto tropas leais a Kadafi atacavam o povoado de Zawiya, em mãos dos rebeldes e freavam as tentativas dos opositores de recapturarem Bin Jawad, a 160 quilômetros a oeste de Sirte, o Exército indicava que estava se preparando para repelir uma eventual imposição da zona de exclusão.

Círculos diplomáticos destacaram que as pressões de Washington e da União Europeia (UE) para restringir os voos a aeronaves militares líbias em seu próprio espaço aéreo têm respaldo em outros blocos regionais dos quais Trípoli faz parte.

Nesse sentido, a Liga Árabe, que reúne 22 nações, a Organização da Conferência Islâmica (OCI), à qual pertencem 57 países e o Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico (CCG), integrado por seis estados árabes, avaliam a proposição do Ocidente.

Embora as três entidades tenham emitido declarações de solidariedade com o povo líbio, "uma profunda preocupação" pela situação e a condenação de uma intervenção militar, foram essencialmente críticas com Kadafi, acusando-o de violar direitos humanos.

Além de defender o respeito à liberdade de expressão e de manifestação, a Liga Árabe apontou que apoiava a zona de exclusão aérea em coordenação com a União Africana, instância da qual também participa a Líbia, com o argumento de "levar ajuda humanitária".

A OCI reprovou igualmente a interferência nos assuntos internos líbios, mas criou um comitê ministerial permanente de emergência para, em caso necessário, "apoiar os chamados internacionais para estabelecer uma zona de proibição de voo sob a supervisão da ONU".

Em sua reunião de segunda-feira em Abu Dhabi, os chanceleres do Conselho de Cooperação do Golfo Pérsico solicitaram reiteradamente que o Conselho de Segurança da ONU tome "ações imediatas para proteger os civis de crimes contra a humanidade, incluída a aplicação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia".

Fonte: Prensa Latina