Músicos protestam e pedem intervenção na OMB-AM

Cerca de cem pessoas, entre músicos, produtores e artistas em geral, fizeram uma manifestação, na tarde desta segunda-feira, pedindo a saída de Sérgio Salazar da presidência da Ordem dos Músicos do Brasil – secção Amazonas (OMB-AM). A manifestação aconteceu em frente à sede da OMB-AM, que fica na Rua Maceió, em frente ao Cemitério São João Batista.

Manifestação músicos - Arlesson Sicsu

Participaram do protesto músicos de vários segmentos, desde representantes da MPB até integrantes de bandas de rock e reggae. Dois carros de som foram colocados em frente à sede e vários artistas se manifestaram. O cantor e compositor Célio Cruz foi um dos mais incisivos. “A Ordem só reúne músicos fracassados”.

A principal reclamação dos músicos é quanto à truculência durante as fiscalizações a qual são submetidos e falta de transparência na prestação de contas dos valores recolhidos com anuidades. “Nós não queremos acabar com a ordem, queremos uma intervenção para que esse presidente saia de lá. Tem muita coisa fora de ordem, muito abuso de poder”, reclamou Cileno, que participou da gestão de Salazar no primeiro ano. “Eu vi que estava sendo usado por ele, já que ele não é muito conhecido, e renunciei. Ele não aceitou minha renúncia e começou a perseguição pessoal aos artistas”.

A união dos músicos contra a OMB-AM começou quando Márcia Siqueira, uma das mais famosas vozes do Estado, foi impedida de cantar na Feira do Tururi, dia 3 deste mês, porque estava sem sua carteira da OMB no momento da apresentação. Na última quinta-feira foi a vez de Lucilene Castro não ter uma nota contratual homologada na Ordem, atitude que ela classificou como represália a sua postura contrária à instituição. “Este momento de união é histórico na música do Amazonas. O momento de lutarmos pelos nossos direitos é esse. Tenho muita satisfação por, de alguma forma, ter iniciado este momento”, afirmou Márcia Siqueira.

Para Lucilene Castro, o momento é de pedir mais transparência nas ações da Ordem dos Músicos como um todo, algo que ela só considera possível com uma nova gestão. “A gente tem que saber o que é feito com nosso dinheiro, pois não há prestação de contas, não há nada. Sem contar que cada vez que a gente vem aqui tem um diretor diferente. Não sabemos nem quem manda aqui”, afirmou ela. Para a cantora, caso os músicos obtenham êxito e consigam a intervenção na instituição, outros assuntos devem ser discutidos, como a obrigatoriedade ou não da carteira de músico para apresentações musicais. “Por enquanto, esta é uma questão que precisa ficar para depois”.

Briga antiga
Uma briga antiga dos músicos com a OMB-AM gira em torno da exigência da carteira de músico para as apresentações. A anuidade cobrada no momento é de R$ 120.

No início do ano passado, o Sindicato dos Músicos do Amazonas (Sindimam) conseguiu uma liminar na Justiça Federal acabando com a obrigatoriedade da carteirinha, bem como do pagamento de sua anuidade. No entanto, a juíza federal Jaiza Fraxe, no final do ano passado, julgou a causa favorável à OMB-AM, mantendo suas funções e, por consequência, a exigência da carteira de músico com anuidade paga.

Para tentar conquistar seus objetivos, os músicos conseguiram uma audiência pública na Câmara Municipal de Manaus, que será realizada na manhã de hoje, a partir das 9h. Na quinta-feira, é a vez dos músicos irem à Assembleia Legislativa do Estado.

"Questão pessoal"
O presidente da OMB-AM, Sérgio Salazar, afirmou que todos os protestos feitos pelos músicos têm fundo meramente pessoal. “Eles não querem que o mercado se abra para outros estilos, como o forró e o boi-bumbá”, disse. Salazar, que permaneceu dentro da sede durante toda a manifestação, disse que não teme o movimento contra ele. “Todos têm o direito de se manifestar. Mas quanto à intervenção, é a Justiça quem vai julgar”, afirmou ele.

O presidente aproveitou ainda para fazer várias acusações, principalmente contra o Sindiman. “Todos os artistas que reclamam estão ligados ao Sindicato dos Músicos e querem tirar o foco das acusações contra eles”, afirmou Salazar, ressaltando que o Sindiman já foi condenado por cobrança ilegal de impostos e desvios de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). “Eles se escondem atrás destas manifestações para tirar o foco das acusações contra eles”.

De acordo com Salazar, os músicos não têm do que reclamar da atual gestão da OMB-AM. “Só estamos cumprindo nosso papel. Precisamos selecionar a classe. É preciso ter competência para ser músico”, afirmou ele.

O presidente do Sindiman, Everaldo Barbosa, afirmou que o sindicato não tem condenação sobre desvios de recursos do FAT. “Isso ele vai ter que provar”, afirmou. Quanto à cobrança de impostos, ele afirmou que há um dúbio entendimento da lei, sobre a periodicidade dos descontos do imposto sindical, que ainda está sendo discutido. “Não tenho nada pessoal contra ele. Só queremos que acabe essa história de tratar músico como bandido”, afirmou.

Fonte: portal D24am – www.d24am.com