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Livro sobre irmãos Rousseff conta a história de Brasil e Bulgária

Nos anos 1960 e 1970, enquanto Dilma Rousseff atuava em organizações comunistas na luta contra a ditadura militar, seu meio-irmão na Bulgária, Luben-Kamen Russev, sofria restrições impostas por um regime comunista. A trajetória dos dois filhos da família Russev, que no Brasil virou Rousseff, está no livro Rousseff: A história de uma família búlgara marcada por um abandono, o comunismo e a Presidência do Brasil, que será lançado nesta terça-feira (15), em São Paulo.

Escrito pelos jornalistas Jamil Chade e Momchil Indjov e publicado pela Editora Livros de Safra, a publicação aproveita a história dos irmãos para contar as transformações pelas quais tanto a Bulgária quanto o Brasil passaram nas últimas décadas. Quem trouxe o nome para o país foi o pai da atual da presidente da República. Ao sair da Bulgária, em 1929, Petar Russev, que passou a se chamar Pedro Rousseff, deixou uma mulher grávida de sete meses – a mãe de Luben.

Jamil Chade explica que o país europeu vive hoje uma situação parecida com a nossa quando se trata de acesso a documentos daquela época: muita coisa ainda está sob sigilo. No livro, é possível encontrar muitas lacunas, muitos fatos ainda sem explicação. “Queremos chamar a atenção para o direito da verdade, que é o direito de saber o que aconteceu, de ter os arquivos abertos. Parte da democracia é conhecer a verdade”.

O jornalista lembra a promessa da presidente de criar uma Comissão Nacional da Verdade, que, entre outras atribuições, vai cuidar dos arquivos e apurar crimes da ditadura. Para ele, mais do que vontade política, a abertura também depende de mobilização e do interesse da sociedade nesse passado.

A atuação de Dilma durante a ditadura ainda não foi totalmente desvendada. Jamil não conseguiu entrevistá-la, o que dificulta a resposta para algumas das perguntas que ficam no livro, como o motivo que levou o pai dela a sair da Bulgária – cada um dos parentes dá uma versão diferente. Já o jornalista búlgaro, Momchil Indjov, falou com Dilma em 2004, quando ela ainda era ministra de Minas e Energia, e também com o meio-irmão dela.

Vida privada

Pedro Rousseff ficou sem contato com a família na Bulgária por 18 anos. Depois os procurou por cartas para contar sobre sua nova vida, quando tinha outra família e negócios bem-sucedidos nos setores da construção e venda de imóveis, em Minas Gerais.

Em um dos textos, ele diz que teve de lutar “com unhas e dentes e punhos por um teto”. Na infância, o pai exigia de Dilma uma formação exemplar. Ela tinha aulas particulares de francês, música, muita leitura e reforços.

Mesmo após restabelecer contato com o pai, Luben nunca conseguiu reencontrá-lo. Naquela época, era preciso pedir autorização do governo búlgaro para sair do país, o que nunca aconteceu. Luben foi perseguido por ter sido militante social-democrata, o que também quase o fez perder a vaga em uma universidade de engenharia.

Jamil conta que "o mais surpreendente é que os parentes búlgaros sabiam muito pouco dos Rousseff no Brasil, mesmo na era da internet e do telefone. Eles sabiam mais do pai do que dela". De acordo com o escritor, Luben tinha certo receio de procurar os Rousseff, achando que a família brasileira entenderia a atitude como interesse pela herança deixada por seu pai, que morreu em 1962.

Luben aceitou um acordo que o deixou com R$ 2,5 mil (US$ 1,5 mil). Em 2005, Dilma procurou o irmão por carta e começou a ajudá-lo financeiramente. Segundo o livro, a então ministra chegou a planejar viagens para a Bulgária, mas teve de adiá-las. Os dois nunca chegaram a se conhecer. Luben morreu em 2008, semanas antes da visita programada por Dilma.

Da Redação, com informações do R7