José Reinaldo: comunicação alternativa requer qualidade técnica
“A internet é um dos produtos mais eficazes da revolução tecnológica na área da comunicação” — e é também um “instrumento poderoso para a difusão de informações, ideias e conhecimento”. É o que defende o jornalista José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho, em entrevista ao jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo.
Publicado 16/03/2011 16:26
Segundo ele, a mídia contra-hegemônica precisa não apenas apurar seu conteúdo — mas também apresentar bom nível profissional. “Não devemos aceitar que a comunicação ‘alternativa’ seja de baixa qualidade técnica, o que exige o concurso de profissionais competentes”, afirma.
Confira abaixo a íntegra da entrevista.
Unidade: Você como editor de um portal de notícias alternativo considera a internet um instrumento eficaz de comunicação?
José Reinaldo Carvalho: Sim, a internet é um dos produtos mais eficazes da revolução tecnológica na área da comunicação. Sem abraçar teses idealistas como a de que isto por si só representa a democratização das comunicações, a internet é um instrumento eficaz e poderoso para a difusão de informações, ideias e conhecimento.
Penso que é um meio a ser corretamente utilizado pelos porta-vozes dos movimentos sociais e formadores de opinião progressistas, através de sítios, blogs, portais e da participação interativa nas redes sociais.
Não devemos aceitar que a comunicação “alternativa” seja de baixa qualidade técnica, o que exige o concurso de profissionais competentes. Somos alternativos na ideologia, na política, na linha editorial, na interpretação e opinião que temos sobre os fatos, mas nos empenhamos para ser um meio de comunicação com bom nível técnico e profissional.
Unidade: Qual o grau de inserção e repercussão das notícias na sociedade e na grande mídia?
JRC: O grau de inserção e repercussão das notícias depende de múltiplos fatores. A instantaneidade com que as notícias são transmitidas e a sucessão veloz dos acontecimentos fazem com que o produto notícia seja muito volátil, sobretudo na internet.
Isto revela que os veículos de informação são complementares — e não excludentes — entre si. Os portais de internet aumentam sua utilização pelo público, mas não se bastam. Haverá por muito tempo a convivência destes com os outros meios – os jornais impressos, as estações de rádio, os canais de televisão, as revistas semanais etc.
Unidade: Como otimizar ainda mais este instrumento, símbolo da resistência midiática?
JRC: No caso do Vermelho, que tem um posicionamento claro na luta política e social, a otimização pode atravessar vários caminhos. Primeiramente, ao contrário de nos diluirmos, consideramos indispensável explicitar o nosso perfil: lutamos contra a opressão social das classes dominantes sobre os trabalhadores e o domínio do imperialismo internacional sobre os povos. Reivindicamos o socialismo como etapa indispensável para a emancipação da humanidade.
Isto significa que temos um público-alvo também definido – os lutadores sociais pelas causas libertárias, democráticas, patrióticas, sociais, o que abrange também uma ampla área da resistência cultural. É um público amplo, porquanto formado por defensores de causas nobres, que correspondem aos anseios das maiorias.
Nesse sentido, consideramo-nos parte daquilo que Gramsci chamava “intelectuais orgânicos” na luta pela hegemonia de um pensamento emancipador. Com esses pressupostos definidos, empenhamo-nos a fundo no jornalismo profissional, no aperfeiçoamento técnico e tentamos apropriar-nos sem timidez nem preconceito de todas as conquistas da revolução tecnológica na área da informação e comunicação.
Da Redação, com informações do Unidade