Sem categoria

Imperialismo rejeita declaração de cessar-fogo da Líbia

Apesar da Líbia ter acatado a resolução adotada pelo Conselho de Segurança da ONU, emitida na quinta-feira (17), e ter declarado um cessar-fogo na guerra civil travada contra insurgentes no leste do país, os Estados Unidos, o Reino Unido e a França já declararam que vão continuar a implementação da intervenção bélica contra o país africano, autorizada pelas Nações Unidas.

Repetindo as ameças que o premiê britânico David Cameron brandiu horas antes, a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, disse que Washington não acredita nas palavras da liderança líbia, insistindo que Muamar Kadafi deve retirar o exército regular líbio do leste, deixando caminho aberto para os rebeldes, que ainda controlam a cidade costeira de Benghazi.

Ao anunciar o cessar-fogo, o chanceler líbio Moussa Koussa disse que a medida "fará o país voltar à segurança" e protegerá todos os líbios. Ao mesmo tempo criticou a autorização da ação militar internacional no país pela ONU, denunciando-a como uma "violação à soberania líbia". Segundo a Eurocontrol, depois da aprovação da resolução, a Líbia fechou seu espaço aéreo.

A resolução aprovada na quinta-feira pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU determinou a imposição de uma zona de exclusão aérea sobre o país e autorizou ações militares contra as forças armadas líbias. A resolução recebeu dez votos a favor e nenhum contra, enquanto cinco países – incluindo China e Rússia, membros permanentes do Conselho, e o Brasil – se abstiveram.

Em ação

O Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) revelou que o plano militar para uma operação na Líbia continua sendo executado, não importando o cessar-fogo, disse a porta-voz da organização, Carmen Romero. "O planejamento continua", disse Carmen, afirmando que os aliados entraram em acordo nesta sexta-feira para finalizar o mais rápido possível seus preparativos para uma agressão militar.

Após a adoção da resolução, o país africano anunciou um cessar fogo imediato em sua luta contra as forças rebeldes que promovem uma guerra civil no país e que se aproveitaram de protestos de manifestantes por democracia.

Em discurso exibido na televisão nesta sexta-feira, Moussa Koussa, o ministro das Relações Exteriores, afirmou que seu governo está interessado em proteger todos os civis e estrangeiros que residem no país.

"Decidimos promover um cessar-fogo imediato e a imediata paralisação de todas as operações militares", afirmou, completando que "a Líbia tem grande interesse em proteger seus civis".

Koussa disse que porque seu país é membro das Nações Unidas está "obrigado a aceitar as resoluções do Conselho de Segurança da ONU".

Cessar-fogo é para inimigos

Como era de se esperar, sem levar em conta o anúncio da Líbia que o país havia acatado a resolução da ONU, o presidente estadunidense Barack Obama deu um ultimato ao regime líbio, pressionando o governo de Kadafi a "encerrar a ofensiva militar" contra os rebeldes que lutam contra o governo de Trípoli e prometendo que fará uso da força militar contra o exército regular.

Obama exigiu que o cessar-fogo anunciado pelo governo líbio seja "completo e imediato". Todos os ataques contra os opositores devem acabar. Segundo Obama, Kadafi deve retirar-se de Benghazi — ainda em poder dos insurgentes — Misrata, Ajdabiya, Az-Zawyia — cidades já retomadas pelo exército regular — e deve restabelecer o fornecimento de gás e petróleo em todas as áreas do país.

"Esses termos não são negociáveis. Se Kadafi não respeitar a resolução, aplicaremos seus termos por meio de uma intervenção militar", disse o presidente americano. Evidentemente, o cessar-fogo não se aplica aos insurgentes, que continuam lutando contra o exército regular líbio.

Com agências