Repressão contra juventude causa indignação em Honduras
A população de Honduras realizou na quinta-feira (17) uma série de protestos pelo país contra as novas medidas do governo de Porfirio Lobo Sosa, que tenta privatizar a educação pública do país. Grêmios estudantis, pais e mães, organizações populares e a Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) protagonizaram manifestações em diversas cidades, mas, apesar de serem pacíficas, foram violentamente repreendidas pela polícia hondurenha.
Publicado 20/03/2011 11:37
Milhares de professores, mulheres, homens, jovens, estudantes, trabalhadores, campesinos e jornalistas foram agredidos pela polícia, em Tegucigalpa, capital do país, e em outras cidades onde as manifestações aconteceram, como Danli, Paraíso e Comayagua.
Segundo os relatos, os policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo e atiraram contra os manifestantes, e ainda prenderam dezenas de pessoas. De acordo com as denúncias, até crianças e bebês foram afetados pelo gás. As agressões policiais durante as manifestações resultaram na morte de uma professora.
Um grupo de jovens que se encontrava na Comissão Nacional para o desenvolvimento da Educação Alternativa não-formal (Coneanfo) foi reprimido e capturado por policiais, que invadiram as instalações do local. O ato provocou a indignação. "É claro que diante de uma situação deste tipo existe um desequilíbrio de forças e se deve auxiliar ao mais necessitado”, disse o secretário executivo da Coneanfo, Alexis Ordóñez.
Respeito
Ele ressaltou ainda que a Coneanfo é uma entidade pública e para o público e que tem como princípio a proteção fundamental dos Direitos Humanos. "Sempre apoiaremos a educação pública tanto nos sistemas formais, não formais e informais”, enfatizou. O secretário da Conenafo também fez um alerta para que a população do país tolere e respeite o pensamento alheio, e os atos pela busca de justiça e de educação de qualidade, crítica e reflexiva.
A Plataforma de Direitos Humanos do país também se manifestou sobre os acontecimentos e denunciou a repressão policial hondurenha contra as manifestações pacíficas, para a comunidade nacional e internacional. "Reiteramos nosso chamado para a comunidade nacional e internacional para denunciar estas graves violações aos direitos humanos das e dos hondurenhos e para exigir o fim da repressão contra o povo que está exercendo seu direito constitucional a manifestar-se em defesa de seus interesses”, expressou a Plataforma, por meio de comunicado.
Aposentadoria
Além da tentativa de privatização da educação pública, a população também protestou contra a intenção do governo de aumentar a idade para aposentadoria dos professores, para 70 anos, já que a expectativa de vida média no país é de 67,8 anos. "Como vamos nos aposentar aos 70 anos, quando morremos aos 67,8?", questionam.
O Movimento Campesino de Orica também prestou apoio à causa dos estudantes e dos professores. A FNRP disse que os protestos são uma forma de rechaço às medidas econômicas adotadas pelo governo, que aumentaram o custo de vida no país. O objetivo é exigir o retorno da constitucionalidade e institucionalidade do Estado.
Fonte: Adital, com informações da Rede Morazánica de Informação