José Cícero – Digamos não à invasão da Líbia!

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Mais uma vez o “império do mal” realiza sob o velho pretexto de defender a democracia do globo um novo atentado contra o direito e a soberania dos povos, quando da invasão consubstanciada pela recente ofensiva aéreo à Líbia.

Espertamente e de forma sorrateira, o governo norte-americano deixou para oficializar o bombardeio justamente quando se encontrava em solo brasileiro. Como se nota utilizando-se da boa imagem pacífica que o Brasil mantém no exterior no sentido de escamotear mais este crime em desfavor da soberania mundial. Razão pela qual as autoridades do nosso país, assim como as lideranças do movimento social, deveriam protestar veementemente. Também não foi à toa que escolheram este momento para iniciar o plano de ataque, ou seja, no instante em que todas as atenções do mundo estão voltadas para o recente desastre ocorrido no Japão.

Não nos enganemos outra vez; neste aspecto, o governo de Barack Obama não difere em quase nada, de todos os demais que já ocuparam a Casa Branca. Caudatário que é do imperialismo sanguinário e explorador das riquezas do mundo. Cujas bases se assentam na política suja da intromissão ilegítima nos assuntos internos de várias nações do mundo, notadamente aquelas onde mantêm algum tipo de interesse econômico, político ou militar.

De modo que sustentam a maior máquina de guerra da história, contribuindo, ao contrário do que muitos pensam, para a instabilidade da paz em todo o globo, vez que instigam e financiam este expediente, a exemplo de Israel em seu massacre contra os Palestinos. Portanto, com a continuidade desta velha política de intervenção militar, os EUA reproduzem a mesma sistemática beligerante, dantes experimentada no Afeganistão e no Iraque.

De modo que, sob os olhos insensíveis e complacentes das nações democráticas e independentes do planeta e o silêncio cúmplice dos chamados organismos internacionais, tais como OTAN e ONU; o governo norte-americano estar claramente a promover mais uma vez, o pior dos crimes contra a humanidade – o terrorismo de estado.

Como se ver, o velho filme se renova, talvez agora com novos atores. Como igualmente se repete toda a pantomima e o teatro encenado pelo Conselho de Segurança da ONU; que há muito tem se transformado num mero departamento da ingerência legitimadora dos ataques ‘invasionistas’ do pentágono. Contudo, é forçoso ressaltar que a opinião pública internacional já sabe quais são as reais intenções do governo ianque. Que é garantir a qualquer custo, a continuação do privilégio de se apossar da exuberante estrutura petrolífera da Líbia.

Pois agora com a possível queda ou morte de Kadafi, sem a efetiva participação dos norte-americanos, este privilégio ficaria seriamente ameaçado. Assim sendo, não querem (os EUA) correr nenhum risco. Contudo, cumpre destacar que mesmo com os ataques de ontem, que inclusive (para não fugir à regra) fizeram vítimas civis, os EUA não obtiveram unanimidade na resolução da ONU e nem na OTAN. Méritos para a Rússia e a Alemanha (dentre outros) que se abstiveram de dá este apoio formal.

Ora, por que será que só agora, depois de mais quatro décadas de governo Kadafiano é que os EUA reclamam da ditadura Líbia? É bom que se diga que, assim como ocorreu com Mubarak no Egito e Bem Ali na Tunísia, recentemente depostos por força não dos EUA, mas de levantes populares, todos eles (ditadores) só permaneceram tanto tempo no poder devido ao apoio deliberado do governo norte-americano. Então, é falsa esta suposta preocupação dos ianques com a democracia nestas nações. O que existe mesmo de verdade é um puro interesse de dominação sob o fito no petróleo.

E por falar nisso, é também importante destacar que a Líbia há várias anos conquistara, com o apoio direto da Casa Branca (pasme) uma cadeira de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU. Coisa que o Brasil tenta há muito tempo reivindica e não consegue, sobretudo pela falta da anuência americana. Que por sinal, sequer agora na sua passagem pelo Brasil, Barack Obama também não se comprometeu com seu voto de apoio à candidatura do nosso país. Mesmo tendo dito, que o “Lula era o cara”…

Digamos NÃO ao ataque e a invasão da Líbia. Os EUA assim como nenhum outro país do mundo não têm este direito… Até porque não constituem nem bom exemplo a ser seguido, quando o que está em jogo é a liberdade e a democracia planetária.

Cada nação do planeta precisa ter assegurado o direito de poder resolver seus assuntos internos, assim como de escolher seu próprio futuro. Que a ONU e a OTAN revejam seus princípios e ratifiquem efetivamente o sagrado direito de não-intervenção e de coexistência pacifica dos povos. Mesmo todos nós já sabendo que, pelo poder e pelo petróleo os EUA já venderam sua alma ao diabo.


José Cícero é professor, poeta e escritor

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