Censura: HGF tenta impedir trabalho de jornalista

A jornalista Sílvia Carla Araújo, assessora de Comunicação do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Estadual do Ceará (Mova-se), ficou uma hora e meia detida por seguranças do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) depois de fazer imagens do setor de emergência daquele hospital na última segunda-feira (21/03). Ela preparava uma matéria sobre as condições de trabalho e atendimento em hospitais públicos do estado e já havia visitado o Albert Sabin.

"Eles me colocaram em uma sala e ficaram dois seguranças me vigiando e exigindo que eu entregasse a máquina fotográfica ou apagasse as fotos. Como eu me recusei, eles continuaram me intimidando", denuncia Sílvia Carla. Segundo a assessora, o Mova-se está recebendo várias denúncias sobre o atendimento que é realizado pelo hospital. "Há pacientes sendo atendidos no chão dos corredores", afirmou.

A diretora executiva do Mova-se, Auxiliadora Alencar, foi até o HGF para liberar a funcionária. "Tive que ameaçar chamar a polícia e a imprensa para poderem liberar nossa assessora". Para Auxiliadora, o Mova-se tem a obrigação de denunciar as péssimas condições e funcionamento do hospital e é inadmissível o que aconteceu com a assessora, que ficou em cárcere privado. Segundo Auxiliadora, a direção do hospital quer esconder uma realidade assustadora da emergência, que não dá tratamento digno aos pacientes, nem condições de trabalho aos profissionais. Ela foi ao HGF acompanhada dos diretores executivos do sindicato Ernesto Luz e Rogério Ribeiro, além do assessor sindical Paulo Roberto Ximenes.

"Estamos acionando o Ministério Público, por meio da promotora Isabel Porto. Vamos entregar as imagens e exigir que as providências sejam tomadas pelo Estado. Queremos recursos públicos para os hospitais, melhores condições de trabalho aos servidores", destacou a sindicalista. Sobre a abordagem contra a assessora de Comunicação do Mova-se, Auxiliadora informa que o Sindicato dos Jornalistas do Ceará foi mobilizado.
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"A grande violência que vi foi o Governo tentar esconder a realidade que está posta. Se essa situação é mostrada, a sociedade pode pensar uma solução de forma conjunta. Agora, esconder essa realidade é descaso total", defende Sílvia Carla.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará, Claylson Martins, tentou contato com a diretora geral do hospital, Níobe Maria Ribeiro Furtado Barbosa, mas foi informado que ela não se encontrava no local. Também foi tentado contato com o diretor administrativo do HGF, Zózimo Luís Medeiros, mas foi alegado que ele estava em reunião e não poderia atender.

A diretoria do Sindjorce repudia veementemente a atitude da direção do hospital de manter detida durante uma hora e meia a jornalista Sílvia Carla e ainda exigir que ela apagasse as fotos ou entregasse a máquina fotográfica, num claro ato de censura, desrespeito à liberdade de expressão e uma violência contra a trabalhadora no exercício da profissão.

Fonte: Sindjorce