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Envio de armas para rebeldes expõe contradições na Otan

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse, nesta quinta (31), que não fornecerá armas aos rebeldes que lutam contra Muamar Kadafi na Líbia. A decisão foi divulgada pelo secretário-geral Anders Fogh Rasmussen no dia que a entidade assumiu o comando da ofensiva militar no país. O discurso é contrário ao de líderes políticos dos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, que defendem o reforço do armamento de opositores de Kadafi, e expõe, portanto, contradições no seio da própria Otan.

Ao lado do emprego de serviços de espionagem no conflito, o tema desperta divergências entre os membros da coalizão e na Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com Rasmussen, a Otan assume o comando das operações militares com três objetivos: garantir a zona de exclusão aérea, proteger a população civil e assegurar o cumprimento do embargo de armas na Líbia. "A resolução (1.970) do Conselho de Segurança da ONU é muito clara: ela exige a imposição de um embargo sobre as armas", afirmou.

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e os ministros das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, e da Grã-Bretanha, William Hague, haviam admitido que a coalizão discutia o fornecimento de material bélico aos insurgentes. Hillary chegou a afirmar que a Resolução 1.970, que encarrega a comunidade internacional de usar "todos os meios necessários" para proteger a população civil, abria brecha para autorizar a entrega do armamento.

A maioria dos 28 membros que integram a Otan, contudo, rechaça essa possibilidade e adverte que armar os insurgentes seria uma opção perigosa e inapropriada. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, reiterou que as armas poderiam acabar nas mãos de terroristas, "criando uma situação distinta".

De acordo com fontes do governo estadunidense, o presidente Barack Obama assinou uma ordem secreta que autoriza a entrega de armas aos rebeldes da Líbia. As fontes asseguram que tal autorização foi dada ao menos duas ou três semanas antes de a ONU aprovar a zona de exclusão aérea no território líbio.

Cessar-fogo

Nesta sexta, a liderança dos rebeldes que lutam contra Muamar Kadafi disse que está pronta para um cessar-fogo, desde que "algumas condições" sejam aceitas. De acordo com os opositores, um dos principais requisitos para esse eventual cessar-fogo seria o fim do cerco das tropas de Kadafi a algumas cidades rebeldes.

"Nós concordamos com um cessar-fogo, com a condição de que nossos irmãos nas cidades do oeste tenham liberdade de expressão e também que as forças que estão cercando as cidades se retirem", disse o líder do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Abdul Jalil.

Os combates entre as tropas de Kadafi e os milicianos revolucionários continuam nas imediações de Brega, 225 km a oeste de Benghazi, informou o porta-voz militar dos rebeldes, coronel Ahmad Omar Bany.

Os rebeldes mudaram de estratégia para enfrentar os soldados leais ao dirigente líbio nos últimos dois dias, já que situaram membros do Exército na primeira linha de batalha, enquanto na segunda linha estão as milícias de voluntários.