Governo de São Paulo reduz ainda mais bônus pago a professores
Com a redução em 48% do total pago de 2010 para 2011, número de professores com direito ao "prêmio" cai em 20 mil. Sindicato critica fórmula excludente.
Publicado 01/04/2011 15:52 | Editado 04/03/2020 17:17
O governo do estado de São Paulo reduziu o número de professores com direito ao bônus anual, pago a partir desta sexta-feira (1º). No total, o pagamento soma R$ 340 milhões, 48,1% a menos do que em 2010, quando o desembolso foi de R$ 655 milhões. Com os 190 mil atendidos, 20 mil professores a menos terão o adicional. Além disso, segundo o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), há casos em que o valor pago é de apenas R$ 0,48. A soma dos valores pagos a professores, supervisores e diretores.
O bônus é pago desde 2009 pelo governo e encarado como uma forma de incentivo aos docentes, de acordo com a melhora de resultado no Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), que avalia escolas e professores. A Apeoesp critica a medida desde a implantação, já que ela limita o aumento da remuneração a uma pequena parcela da categoria, sem promover reajustes salariais ao conjunto dos docentes.
Em artigo, a presidenta da Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, afirma que há uma grande insatisfação da categoria, apesar do anúncio da bonificação. Segundo ela, alguns dos professores podem receber valores irrisórios, como R$ 0,48, apesar de o bônus ser calculado proporcionalmente aos resultados das escolas.
A secretaria não se pronunciou sobre esses casos. Segundo o órgão, o bônus inclui equipes de 3.778 escolas (75% do total). Ainda de acordo com números oficiais, são 142 mil os educadores que têm direito a até R$ 2.500, enquanto 33 mil alcançariam patamar entre esse valor e R$ 5.000. Outros 15 mil profissionais receberiam mais do que esse valor. As faltas diminuem o bônus, sendo que os profissionais devem trabalhar ao menos 244 dias ao ano para receber.
"Agora é preciso aprimorar o sistema para que seja mais eficiente", admite o secretário de Estado da Educação, Herman Vooward, conforme comunicado à imprensa. "Técnicos da Secretaria da Educação já estão desenvolvendo estudos com essa finalidade”, disse. Os resultados do Idesp variam de acordo com o nível de ensino em que o profissional atua. Há uma consulta online para os docentes consultarem se têm direito à bonificação.
Valorização
Para Bebel, a diferenciação nos pagamentos dos professores soma-se a outros fatores considerados degradantes, como as jornadas de trabalho excessivas e precarização dos temporários. "A forma como o governo estadual lida com o bônus é exemplar de como os professores são desrespeitados. O governo sempre apresentou o bônus como uma benesse e uma concessão", atacou.
"Na verdade, o governo está deixando de cumprir sua obrigação, de reajustar nossos salários de acordo com a inflação e negociar aumento real no mês de março", acredita a presidenta. Para ela, o esquema de pagamentos por mérito desvia a responsabilidade de valorização do magistério.
Fonte: Rede Brasil Atual